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Guterres alerta Trump para “risco real de guerra” caso rasgue acordo com Irão

FOTO Reuters
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O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou hoje para que o Presidente dos EUA, Donald Trump, não rejeite o acordo nuclear com o Irão, alertando que existe um risco real de guerra se o acordo terminar.

Em declarações à BBC, Guterres classificou o acordo alcançado em 2015 com o Irão como “uma importante vitória diplomática” e defendeu que não deve ser rasgado “a menos que exista uma boa alternativa”.

“Enfrentamos tempos perigosos”, alertou.

Trump tem sido um crítico do acordo, alcançado durante a Presidência do seu antecessor, Barack Obama, no qual o Irão se comprometeu a limitar o seu programa nuclear em troca de um levantamento das sanções a que estava sujeito.

O Presidente norte-americano deverá decidir até 12 de maio se mantém ou rasga o acordo.

O apelo de Guterres surge dias após Israel anunciar ter provas de que o Irão terá mantido um programa nuclear secreto, o que viola o acordo de 2015.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, crítico do acordo internacional sobre as actividades nucleares do Irão, assegurou que o seu Governo obteve “meia tonelada” de documentos secretos iranianos que provam a existência de um programa de armas nucleares.

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, considerou que os documentos anunciados por Israel provam que o acordo foi “construído em mentiras”.

França, Reino Unido e Alemanha insistem que manter o actual acordo nuclear com o Irão é a melhor forma de impedir Teerão de desenvolver armas nucleares.

A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) reiterou na terça-feira “não haver qualquer indicação credível de actividades no Irão relacionadas com o desenvolvimento de armas nucleares após 2009”.

O acordo foi assinado em Viena em julho de 2015, depois de anos de negociações entre o Irão e o grupo dos 5+1 (Alemanha, EUA, França, Reino Unido e Rússia).

Nos termos do acordo, Teerão aceitou congelar o programa nuclear até 2025.

Os partidários do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano asseguram que este acordo é a melhor garantia para impedir que o Irão se dote da bomba atómica.

Trump, no entanto, considera o acordo demasiado fraco e, durante a sua campanha presidencial, prometeu “rasgar” o acordo.

Ameaçando passar à acção 15 meses após a chegada ao poder, Trump deu aos signatários europeus do actual acordo com o Irão (Alemanha, Reino Unido e França) até 12 de Maio para o tornar mais severo.