Madeira

Só conhecendo o património é que o podemos preservar

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“O património não é uma posse de apenas alguns. É de uma comunidade, é de todos nós, e só conhecendo é que o podemos preservar e depois de preservar, também divulgá-lo”. Esta foi uma das mensagens deixadas esta tarde pelo Secretário Regional de Educação, Jorge Carvalho, no âmbito da apresentação do livro ‘A Viola de Arame: práticas e contextos’, da autoria de Vítor Sardinha, que decorreu no Conservatório – Escola Profissional das Artes da Madeira, Eng. Luiz Peter Clode.

A obra, a primeira do género em Portugal, específica sobre a Viola de Arame, reflecte a investigação do autor sobre um instrumento comum a Portugal, Brasil e Cabo Verde desde o séc. XVIII. O governante salientou por isso a importância deste documento, não só do ponto de vista cultural e lúdico, mas sobretudo porque disponibiliza à população uma investigação, neste caso desenvolvida pelo autor. Jorge Carvalho refere que esta divulgação é também, de certa forma, aquilo que tem vindo a ser feita nas escolas da Região, até porque “é nossa responsabilidade: preservar e promover aquilo que é nosso e que é a nossa cultura”.

Esta obra é assim “mais um contributo de Vítor Sardinha para a comunidade artística, um documento importante para nós, para desenvolvermos nas escolas estas práticas”, disse o secretário regional afirmando que este é agora um legado que fica em livro e “a nossa responsabilidade é a de procurar disseminar e valorizar junto das gerações futuras, este legado tão importante na área artística-musical”.

Na apresentação desta tarde, Vítor Sardinha salientou a atenção que tem sido dada aos cordofones madeirenses e recordou que, neste âmbito, a viola de arame é um instrumento obrigatório nos dois géneros mais antigos que a Madeira tem: o charamba na Madeira e o baile da meia volta no Porto Santo. “Sem viola de arame não se podem fazer estes géneros”. Mas mais do que isso, a viola de arame tem uma história que remonta ao século XVI, com os mestres violeiros de Lisboa. Na investigação desenvolvida para este livro, Vítor Sardinha, que visitou oficinas na Madeira, Alentejo, Cabo Verde e Brasil, chegou à conclusão que o processo de construção manual da viola de arame em 2018 é o mesmo de 1572. “Na viola de arame tocam-se todos os géneros”, disse ainda por forma a reforçar a importância de preservar este instrumento musical.

O livro, editado pela Editora Madeirense, é dedicado a todos os alunos de cordofones madeirenses, professores de música, musicólogos e grupos de folclore.