Madeira

Navio que resgatou ‘Costa Concordia’ está na Madeira

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Um dos navios que participou na complexa missão de resgate do navio de cruzeiro Costa Concordia, que naufragou a 13 de Janeiro de 2012 na costa italiana da Toscana causando 32 mortes, está na Madeira. O CDT Fourcault está fundeado na baía do Funchal, em frente ao Lazareto, onde permanecerá numa escala técnica de quatro dias.

Proveniente de Antuérpia, porto base do antigo navio militar, o CDT Fourcault chegou no final do dia de ontem ao Funchal e deverá recolher a âncora na próxima sexta-feira, seguindo com destino ao Panamá. Faz uma paragem na Madeira para descanso da tripulação nesta expedição de travessia do Atlântico.

O navio de bandeira panamiana foi construído em 1968 e hoje é operado pela Seatec, fundada pelo capitão Pim de Rhoodes, que é o responsável pelo comando da embarcação, além de ser também instrutor, gestor e ‘manager’ de toda a operação logística a bordo do CDT Fourcault.

Um aspecto curioso deste navio é o facto de ter participado numa das operações náuticas mais mediáticas e também complexas. Tratou-se da missão de recuperação do ‘Costa Concordia’, o gigante que naufragou nas rochas da ilha italiana de Giglio, um episódio que, além de ter ficado tragicamente marcado pela morte de 32 pessoas, ficou manchado pela decisão surpreendente do comandante Francesco Schettino, que foi um dos primeiros a abandonar o navio enquanto a bordo tocava ‘My Heart Go On’, de Celine Dion, precisamente a trilha sonora do filme Titanic, a última canção ouvida pelos passageiros do ‘Costa Concordia’.

Nos dias seguintes ao naufrágio, o CDT Fourcault foi requisitado para integrar a missão de recuperação do gigante italiano, um processo lento e que obrigou à instalação de câmaras subaquáticas em pontos estratégicos do local onde o ‘Concordia’ encalhou de modo a garantir a monitorização permanente e a integridade de toda a estrutura. O conserto do costado e o refluxo do navio naufragado para a zona de reboque foram tarefas realizadas no cumprimento das mais elevadas medidas anti-poluição. Impedir que houvesse danos para o meio ambiente por via de descargas de óleos, combustíveis ou outros componentes foi a grande prioridade da missão da equipa do ‘Fourtcault’.

O CDT Fourcault tem 58 metros de comprimento, possui 33 cabinas com 52 camas e autonomia para navegar durante 45 dias sem abastecer. Inicialmente, o navio panamiano começou por ser utilizado como uma plataforma de pesquisa de arqueologia náutica. Mas o campo de acção foi sendo alargado a outras áreas. O salvamento, a localização e geo-referenciação de objectos naufragados, a inspecção vídeo de ambientes marinhos, operações de anti-poluição e de recolha de hidrocarbonetos são disso exemplos.

Em termos logísticos, o navio de expedições está também equipado com helicóptero a bordo, assim como uma lancha rápida e um bote semi-rígido para apoio às várias missões que tem levado a cabo um pouco por todo o mundo. A bordo deste navio já se realizaram vídeos para documentários a partir de equipamentos tecnológicos e de câmaras subaquáticas de alta precisão.

A Seatec para a qual opera este navio já colaborou com investigações universitárias e de organizações não governamentais, proporcionando expedições para o estudo de artefactos históricos e aprofundando o conhecimento da arqueologia marinha.