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Sindicatos querem regras para motoristas que vão ao estrangeiro

Foto Global Imagens
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A Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações quer que o Governo crie regras específicas para os motoristas que se deslocam ao estrangeiro, nomeadamente quanto ao rastreio nas fronteiras, alimentação e higiene básica, disse o seu coordenador.

Numa carta enviada no domingo ao ministro das Infraestruturas e Habitação, a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS) diz não entender que o Governo não tenha tomado “medidas criteriosas e específicas para os motoristas que têm de se deslocar ao estrangeiro, para países fortemente afectados pela covid-19.

Em declarações hoje à agência Lusa, o coordenador da FECTRANS, José Manuel Oliveira, refere que “não é admissível que existam trabalhadores a fazer os corredores internacionais, que chegam a Portugal e não fiquem de imediato em quarentena, uma vez que são trabalhadores com forte risco de contracção e propagação do vírus”.

“O que nos tem sido relatado é que os motoristas que têm de ir para o estrangeiro não têm qualquer tipo de protecção e quando chegam a Portugal não são sujeitos a qualquer rastreio. Entram como entravam normalmente e quando fazem descargas nos centros de logística ficam em espaços onde estão outras pessoas”, contou.

Outros problemas apontados por José Manuel Oliveira são o abastecimento de comida e a higiene pessoal.

“Quando se deslocam ao estrangeiro, eles têm de passar por Espanha, França, etc. Estão a ter problemas de abastecimento e não têm casas-de-banho porque está tudo encerrado. Não há locais de apoio e têm de viver no camião”, relatou o coordenador da FECTRANS.

Por isso, a FECTRANS decidiu escrever ao ministro Pedro Nuno Santos a pedir esclarecimentos e a criação de algumas regras.

“Os que entram em Portugal devem ficar isolados e ser feito o rastreio. As empresas como estão a reduzir trabalhadores devem fazer escalas de rotação e há transportes que não são essenciais. Se é verdade que alguns transportam bens de primeira necessidade, há outros que continuam a transportar materiais que não o são e que depois quando chegam e tentam descarregar não o podem fazer porque as empresas receptoras estão imobilizadas”, disse.

José Manuel Oliveira disse também que os trabalhadores não têm material de protecção, defendendo que quando vão ao estrangeiro têm de estar equipados para sua defesa.

“Deve também ser garantida a questão do abastecimento na alimentação e que se encontre alguma forma de estes trabalhadores terem sítios de apoio para a higiene básica e a rotação de trabalhadores”, concluiu.

A FECTRANS lembra ainda que “as questões de rotatividade dos trabalhadores, se devem também aplicar aos trabalhadores do transporte de mercadorias em território nacional, onde inclusive na maioria das empresas não foram distribuídos materiais de protecção individual, tal como recomendação da Direcção-Geral da Saúde”.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 324 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 14.300 morreram.

Depois de surgir na China, em Dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Em Portugal, há 14 mortes e 1.600 infecções confirmadas.

Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00 horas de quinta-feira e até às 23h59 de 2 de Abril.

Além disso, o Governo declarou na terça-feira o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.

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