Crónicas

Serviço de Despertar

Apoiar-se nas elites que a população quer despachar configura uma Renovação 2. Com que valências quer governar para todos?

1 - Ambiente: Por saturação com a praxis e o status quo instalado, uma clara maioria absoluta de pobres e classe média quer extinguir a usurpação permanente das oportunidades, durante décadas, de forma crescente, e agora completamente descarada e sectária (premissa 1): o sistema. A interpretação de cada um sobre o assunto decidirá a orientação de voto nas Regionais. Contudo, uma silenciosa tendência de voto focada na premissa 1 provoca um tabu, criticar Cafôfo é uma heresia enquanto única alternativa para Governar. Se nenhum da bipolarização for credível, os votos pulverizam-se pelos partidos pequenos que não sejam “levianos bengaleiros”, para controlo democrático e representativo da situação na ALR. Cafôfo não é a única vassoura do Santo Amaro.

2 – A confirmação: Um estudo de opinião no DN sugere que 34,8% dos eleitores madeirenses orientarão o seu voto nas Regionais pelo simples desejo de mudança, com que “Confiança”? O eleitorado anseia por uma governação que coloque o Orçamento Regional ao serviço do bem-estar da população porque é “pornográfico” ver o povo a empobrecer, sem rendimentos, serviços públicos ou retorno dos impostos mas com a elite empresarial e governativa a enriquecer com todo tipo de arranjos obscenos. A pobreza e a austeridade são resultado dos abusos das elites. Para ganhar folgado é necessário estar longe das panelinhas político-empresariais.

3 - O momento: O eleitor sabe em quem não votar, se houvesse um candidato de “Confiança”, convicto de um programa e sem esquemas a reboque, também saberia em quem votar, com maioria absoluta. O clima está perfeito. As Regionais elegem representantes e governantes do bem público e não para uma Associação de Dependentes Profissionais e Empresariais do Orçamento Regional. Ao observar a bipolarização e os “bengaleiros”, sente-se traição, uma articulação onde qualquer resultado garante a manutenção do sistema entre os partidos tradicionais e empresários do regime num win-win-lose que prossegue o assalto ao contribuinte.

4 - Cafôfo fagótrofo: Apoiar-se nas elites que a população quer despachar configura uma Renovação 2. Com que valências quer governar para todos? Não queremos marcar passo por 8 anos com aprendizes, interesses e egos. Dependendo da configuração da futura ALR, poderá ter a activação da premissa 2, o mesmo objectivo da 1 para novos actores, por manutenção da praxis e do status quo dos agarrados ao Orçamento Regional.

5 - Embevecidos com pouco: Estando o PSD-M “queimado”, com Cafôfo a 2,2% de vantagem (Estudo de Opinião DN 19-01-2019), significa que está um pouco menos queimado do que o PSD-M? Não se procura razões nem se inverte? Dois exemplos, corre a expressão “vota ferry”, machadada na bipolarização, se os sabotadores governativos estão bem tramados, os que andam com o unguento autor material da sabotagem ainda mais. Os social-democratas pensantes carregam as frustrações da Renovação 1 mas também carregam a desconfiança de um PS que não sabe crescer. O PS diz em cartaz “unir os madeirenses” mas nem concretiza com os seus nem reúne know-how para governar, é natural a bipolarização de baixa percentagem. Quem ganha une, vão deixar um economista socialista de fora para ir buscar outro, de um lóbi, para igualarem a função de Pedro Calado no actual Governo?

6 – Dinâmica e dialéctica: O que dizem os escritos no DN do líder alternativo? O que retemos da sua exposição mediática? Quantos votos conquistam os Estados Gerais? Conhece bons líderes omissos? Um candidato a funcionário público faz mais provas do que um candidato a líder do Governo? Ainda não lidera a oposição? Um líder tem ideias formadas, influência, marca a agenda e os temas. Caramba, não marca o ponto em nenhum! Assuma-se de vez como líder, acabe com a conversa mole e mostre pulso para dominar o que lhe está a fugir. Está paulatinamente a endossar a sua oportunidade aos partidos pequenos não bengaleiros.

7 - Gestão política: Desastrosa. Os egos do decisor político de Cafôfo e do Vice de Albuquerque inferiorizam os seus candidatos, não sabem ser segundos, criam a ideia de que os líderes são fantoches. O primeiro vive do estado de graça por condescendência da premissa 1 e pelo demérito do principal adversário, o PSD-M. É deslumbrado no mesmo engano de um homónimo do PSD-M caído em desgraça, um déjà vu da Renovação em 2015 a percorrer os mesmos erros. Não une o seu partido e as eleições submetem-se ao zelar pelos lugares e evitar as sombras. Terá em 2019, por premissa 1, o seu melhor resultado de sempre, seguindo-se a desilusão e a premissa 2. Cafôfo ganhou o seu Centeno dos confins da primeira lista, o penúltimo que por sorte subiu, Miguel Silva Gouveia. Por outro lado, a maioria da sua vereação não tem escola, erra e é politicamente inábil, até parecem escolhidos a dedo pelo PSD-M para minar. Daqui retenho o desacerto nas escolhas e a passividade, será assim num governo? A qualidade e a experiência das pessoas fazem muita diferença. Estamos cansados de perder tempo com amadores que fazem estágio enquanto governam, traga gente respeitada para a política se quer ter autoridade.

8 – A praxis condenada: Seja qual for a figura política a alinhar pela praxis da Madeira Nova, apanhará pela medida grande como se fosse da primeira hora. Se anda omisso no projecto para, caso ganhe, repetir a fórmula, durará pouco porque viverá da premissa 1 do eleitorado que depois executará a 2. Cafôfo será visado pela mesma praxis se não muda. Livre-se de más companhias, execute limpeza.

9 – O ponto de não retorno: Há 3 anos que Cafôfo constrói a matriz da possível governação regional, com falhas graves na hora de picar o ponto em políticas e pessoas, se não muda agora, desta bitola não sairá. O PSD criou uma fragilidade social e democrática no conceito de “maioria” com fundamento no bem comum. Não perca o ideal da democracia onde a vontade da maioria se impõe à da minoria, esses ricos produzidos pela Madeira Nova com o dinheiro da U.E. e de todos os contribuintes madeirenses. Esses que se sobrepõem, por comunhão com o poder, ao direito da maioria de pobres e remediados. Se mata a esperança, o passo seguinte é populismo, balize a maioria pela liberdade, solidariedade e, mais do que nunca, a isonomia (as mesmas regras e em condições de igualdade para todos). Vamos moralizar e não prosseguir o caminho errado.

10 - Cafôfo a tempo de inverter: por só existir esta alternativa de Governação, receba algumas sugestões, afaste-se da emboscada dos lobbies e dos esfomeados, junte-se ao povo (é patrão e vota). Não marginalize no PS. Mostre coragem, saque quadros às forças vivas e aos decentes do PSD-M (cumpra com o “unir os madeirenses”). Comece a debitar compromissos. Corrija e lidere a gestão política e sane suspeições. Lute por uma maioria absoluta e não por um resultado sofrível. Não nos encha de folclore, é melhor pequenas conquistas na casa de cada um. Não permita que os lobbies atasquem a política, não se entende como um independente “referendado” permite a associação da imagem “feito com lobbies”, a realidade do adversário.