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Organização não-governamental diz que guerrilha colombiana opera na Venezuela

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A organização não-governamental InSight Crime afirmou que a guerrilha Exército de Libertação da Colômbia (ELN) opera em 12 dos 24 estados na Venezuela, país que faz fronteira com a Colômbia.

De acordo com um relatório da InSight Crime (ISC), o ELN tem presença nos estados venezuelanos de Táchira, Zúlia, Apure, Trujillo, Anzoátegui, Falcón, Amazonas, Barinas, Portuguesa, Guárico e Bolívar.

“Os recentes ataques do ELN a militares venezuelanos, no estado de Amazonas e a mineiros no estado de Bolívar não refletem apenas o poder militar do grupo guerrilheiro, soma-se a uma série de factos, durante 2018, que demonstram a presença desta guerrilha colombiana em pelo menos 12 estados da Venezuela”, argumentou a organização não-governamental.

No início do mês, três funcionários da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar) da Venezuela, foram mortos e outros 10 ficaram feridos durante um ataque de guerrilheiros do ELN no estado venezuelano de Amazonas.

As autoridades venezuelanas afirmaram que o ataque foi uma resposta à detenção de quatro membros daquele grupo guerrilheiroo, entre eles o cabecilha Luís Felipe Ortega Bernal.

Segundo a ISC, Ortega Bernal “tinha em seu poder vários documentos de identidade venezuelanos, incluindo o cartão da pátria, um instrumento de controlo que o Governo venezuelano usa para (que a população possa) aceder a programas sociais subsidiados”.

“O facto de que tenha sido o enfrentamento mais significativo entre a guerrilha colombiana e militares venezuelanos dos últimos anos, motivou um pronunciamento do Ministério dos Negócios Estrangeiros colombiano, assim como a tímida e tardia reação do ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, que através da sua conta no Twitter condenou a presença de qualquer grupo armado no país, mas nunca identificou o ELN como a organização criminosa responsável pela agressão”, explica.

A ISC diz que “conseguiu identificar a presença do ELN em 12 Estados da Venezuela (a metade do país), através da monitorização de denúncias publicadas pela imprensa em 2018, sobre a atividade desta guerrilha em território venezuelano, os relatórios de algumas ONGs e informações de fontes oficiais em zonas fronteiriças”.

“Segundo estes registos o ELN teria presença em Táchira, Zulia, Apure, Trujillo, Anzoátegui, Lara, Falcón, Amazonas, Barinas, Portuguesa, Guárico e Bolívar. Aí estaria a realizar atividades como o contrabando de dados, o contrabando de gasolina, cobrar para não fazer extorsões, (...) ataques a funcionários dos organismos de segurança, narcotráfico e a minaria ilegal, entre outras”, precisa.

A ONG ISC diz que a 14 de outubro último seis pessoas foram “executadas” no município Domingo Sifontes do estado venezuelano de Bolívar (sudeste do país), a mais importante zona mineira do país, onde o Governo venezuelano desenvolve o projeto Arco Mineiro”.

“Este facto não mostrou apenas o poder que a guerrilha colombiana tem em território venezuelano, mas o longo percurso que têm feito para ter presença na metade do país”, sublinha.

Por outro lado, precisa, os guerrilheiros controlam as minas, comunidades de indígenas, o comércio da cocaína e até “o controlo da ordem pública” com o Governo venezuelano “a guardar silêncio perante” o deslocamento forçado e a morte de civis e militares.

De acordo com a ONG Fundação Redes, o ELN estaria a ser apoiado pelas Forças Armadas da Venezuela, que facilitam a entrada no país

O documento conclui que “a Venezuela se posiciona como o lugar perfeito para que o ELN se refugie, busque proteção perante a situação política na Colômbia, expanda as suas operações e fortaleça o seu exército, aproveitando-se das vítimas da crítica situação económica desse país”.

“Além disso, a condição de Estado mafiosos que hoje caracteriza a Venezuela, constitui outro atrativo para a atividade criminosa da mais poderosas guerrilha colombiana”, conclui.