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Guaidó apela para manifestações contra Maduro durante três dias seguidos

Foto EPA/Rayner Pena R.
Foto EPA/Rayner Pena R.

O chefe da oposição venezuelana Juan Guaidó apelou ontem à população para se manifestar amanhã, sexta-feira e sábado contra Nicolás Maduro, algumas horas após ter prestado juramento como presidente do parlamento para um segundo mandato de um ano.

“Chegou a hora de nos levantarmos e nos levantarmos com força”, disse Guaidó durante uma conferência de imprensa. “Vamos mobilizar-nos para atividades de rua na quinta-feira e na sexta-feira, e no sábado estaremos todos na rua”, acrescentou, precisando que também pretendia regressar à Assembleia Nacional (parlamento), em Caracas, na próxima terça-feira.

A maioria opositora no parlamento venezuelano voltou ontem a investir Guaidó como presidente interino da Venezuela, durante uma sessão plenária bastante acidentada marcada pela entrada à força na Assembleia Nacional dos deputados da oposição.

A decisão vem reiterar o desafio lançado pelas forças da oposição ao Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que governa desde 2013 e é contestado por uma grande parte da comunidade internacional, para se afastar do poder e convocar “eleições livres”.

A proposta para que Juan Guaidó prestasse novamente juramento como líder interino venezuelano partiu do deputado Carlos Berrizbeitia e foi apoiada por mais de 100 parlamentares opositores.

“Em nome daqueles que não têm voz hoje, das mães que choram os seus filhos à distância (...), em nome da Venezuela, juro cumprir os deveres de Presidente encarregado e procurar uma solução para a crise e para condições de vida dignas”, afirmou Guaidó, com a mão direita colocada sobre a Constituição venezuelana.

Apesar de um forte dispositivo da polícia militarizada junto do edifício da Assembleia Nacional, Guaidó conseguiu ontem entrar à força nas instalações do parlamento venezuelano, depois de ter sido impedido no domingo.

Uma vez no interior do parlamento, Juan Guaidó subiu à mesa da Assembleia e entoou o hino nacional.

O parlamento venezuelano tinha prevista a eleição no domingo da sua nova direção, votação da qual deveria resultar a reeleição de Guaidó, principal opositor de Maduro, mas o deputado foi retido durante horas pela polícia e agredido à porta da Assembleia Nacional.

Ao mesmo tempo, no interior, em plenário, os deputados apoiantes do chefe de Estado venezuelano elegiam Luís Parra, que contou também com o apoio de uma minoria de parlamentares da oposição suspeitos de corrupção.

Nesse mesmo dia, e após ter sido impedido pelas forças de segurança de entrar no edifício da Assembleia Nacional, Guaidó, que se autoproclamou Presidente interino venezuelano em janeiro de 2019 e que foi reconhecido por mais de 50 países, foi reeleito presidente do parlamento nas instalações do jornal El Nacional.

A Venezuela, país que conta com cerca de 32 milhões de habitantes e com uma significativa comunidade de portugueses e de lusodescendentes, enfrenta um clima de grande instabilidade política, situação que se soma a uma grave crise económica e social.