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Governo chinês acusa políticos ocidentais de encorajarem distúrbios em Hong Kong

FOTO Reuters
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O Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado chinês acusou hoje alguns políticos ocidentais de encorajarem distúrbios em Hong Kong para criar obstáculos ao desenvolvimento da China.

Yang Guang, porta-voz do Gabinete, considerou que essas tentativas vão falhar porque Pequim não tolerará interferências externas nos assuntos da ex-colónia britânica.

Yang não mencionou qualquer indivíduo ou país, mas disse que os responsáveis têm feito “comentários irresponsáveis”, encorajando os protestos.

A contestação nas ruas, que dura há oito semanas, foi iniciada contra um projecto de lei que permitiria extradição para o continente chinês.

A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam agora o que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” na antiga colónia britânica que é actualmente uma região administrativa especial da China.

No domingo, a polícia lançou por várias vezes gás lacrimogéneo e disparou balas de borracha para expulsar os manifestantes que bloqueavam as ruas de Hong Kong com sinais de trânsito e guarda-chuvas.

“A tarefa mais urgente é acabar com estas manifestações violentas”, afirmou a porta-voz do Executivo chinês, Xu Luying.

Questionado sobre os alegados excessos na intervenção da polícia, Yang Guang disse que “o mais perigoso é a falta de gestão efectiva” de actividades criminosas violentas.

Na semana passada, os manifestantes grafitaram e lançaram ovos contra a fachada do edifício do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong.

O ataque danificou o emblema nacional da China, que está pendurado na frente do prédio, ao manchá-lo com tinta preta.

Mais tarde, num novo desenvolvimento, manifestantes que tentavam voltar para casa foram atacados dentro de uma estação de metro, por alegados membros da máfia de Hong Kong, no bairro de Yuen Long.

Pelo menos 45 pessoas ficaram feridas, incluindo um homem em estado grave.

Yang considerou serem “infundadas” as acusações de que a polícia interveio excessivamente contra os manifestantes, mas que ignorou os ataques aos manifestantes.

Xu Luying disse que Pequim “respeita” a decisão da Chefe do Executivo, Carrie Lam, de suspender a polémica proposta de lei de extradição.

A porta-voz garantiu que o Governo central “continuará a apoiar fortemente” Lam, apesar das muitas vozes na cidade que exigem a sua demissão.

Questionado se a China vai enviar tropas para Hong Kong para ajudar a polícia, Yang apenas referiu uma lei que contempla a possibilidade de o governo da região autónoma pedir apoio aos militares chineses para “manter a ordem pública”.

A conferência de imprensa ocorreu um dia depois de novos protestos, realizados apesar da proibição das autoridades, terem resultado em 49 detidos e 16 feridos, após tensos confrontos entre manifestantes e as forças de segurança.

Hong Kong e Macau foram integrados na República Popular da China em 1997 e em 1999, respectivamente, com o estatuto de regiões administrativas especiais, sob a fórmula ‘um país, dois sistemas’, que garante que as políticas socialistas em vigor no resto da China não se aplicam nos territórios, que gozam de “um alto grau de autonomia”, à excepção da Defesa e das Relações Externas, que são da competência exclusiva do governo central chinês.