A França vai desenvolver um sistema de defesa militar espacial para proteger os seus satélites e reforçar as suas capacidades de vigilância, num projecto que custará 700 milhões de euros, anunciou hoje a ministra da Defesa, Florence Parly.

O Governo francês considera que o espaço se tornou um palco militar essencial, onde se desenvolvem acções de espionagem e de ciberataques, onde as principais potências mundiais (Estados Unidos, China e Rússia) há vários anos disputam a hegemonia.

Perante esse novo terreno de conflitualidade global, a ministra da Defesa disse hoje que as Forças Armadas francesas vão reforçar os seus meios de monitorização e protecção espacial.

O projecto será desenvolvido até 2025 e terá um custo de 700 milhões de euros, a adicionar aos 3,6 mil milhões de euros já planeados para uma completa renovação da capacidade dos satélites franceses, anunciou hoje a ministra.

Este plano insere-se na estratégia de criação de um “comando militar do espaço”, anunciado em Julho pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, que funcionará sob comando da Força Aérea francesa.

“Os nossos aliados e os nossos adversários estão a militarizar o espaço. Devemos agir. Devemos estar prontos”, disse Florence Parly, numa comunicação a partir da base militar de Lyon Mont Verdun, no sudeste de França.

A ministra recordou o caso do satélite espião russo que em 2017 tentou abordar o satélite militar franco-italiano Athena-Fidus, para ilustrar os riscos de ataques espaciais que devem ser prevenidos ou defendidos.

“Precisamos de monitorar os nossos satélites de forma cada vez mais eficaz, precisamos de estar familiarizados com os objectos que os cercam e precisamos de denunciar actos suspeitos, hostis aos nossos interesses espaciais”, disse Parly.

No projecto espacial que será desenvolvido, a França apostará em ‘lasers’ de alta potência e em armas anti-satélite, para as operações militares nesse terreno.

“Se os nossos satélites forem ameaçados (...) teremos meios de resposta que poderão envolver ‘lasers’ de alta potência colocados nos próprios satélites”, explicou Parly.

“Espero que tenhamos patrulhas de nano-satélites a partir de 2023”, disse a ministra, referindo-se a pequenos detectores que constituem a “visão” dos satélites civis e militares.

Florence Parly deixou ainda um desafio aos aliados europeus, para que se associem à França, na construção de uma capacidade comum de controlo do espaço, para potenciar o esforço militar agora anunciado.