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Conselheiro das Comunidades Portuguesas lamenta falta de verbas do Governo português para apoiar portugueses na Venezuela

Foto EPA
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O conselheiro das Comunidades Portuguesas na Venezuela, Fernando Topa, lamentou hoje que o Governo português tenha negado verbas a esta entidade para apoiar os cidadãos nacionais naquele país da América Latina.

“Se somos um órgão consultivo do Governo, se o executivo português quer que sejamos os seus olhos e os ouvidos em relação às comunidades, então o Governo tem de entender que as secções locais, neste caso na Venezuela, necessitam de recursos para atender a sua comunidade. Precisamos de verbas, dinheiro, não há outra forma de o fazer”, afirmou Fernando Topa, em Brasília, à margem de uma reunião do Conselho Regional das Comunidades Portuguesas na América Sul e Central.

Fernando Topa realçou ainda que a qualidade do trabalho feito pelo Conselho das Comunidades Portuguesas na Venezuela está a ser afetado pela falta de dinheiro, usando como exemplo a dificuldades nas deslocações entre regiões.

“Os conselheiros estão a fazer o seu trabalho, mas a Venezuela é um país (...) onde as distâncias são muito grandes. Numa Venezuela com as dificuldades que temos hoje em dia, temos grandes dificuldades em nos mobilizarmos (...) e, assim, não podemos chegar às nossas comunidades. No caso de Caracas, eu tenho uma comunidade portuguesa que está a mais de mil quilómetros de distância. Então, não posso dispor dos meus recursos económicos pessoais para os atender”, frisou o conselheiro.

“Nos últimos anos, os recursos que foram pedidos pelo conselho permanente para as secções locais foram negados, então o nosso trabalho não está a ser bem feito, precisamente por isso”, acrescentou.

O conselheiro que desenvolve o seu trabalho em Caracas, na capital venezuelana, elogiou, contudo, o desempenhado do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, assim como do atual ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, insistindo na necessidade de uma interferência de outras tutelas, como a Saúde ou a Educação, no Conselho das Comunidades portuguesas.

Fernando Topa, assim como cerca de outros 20 conselheiros portugueses a viver no Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela, participaram hoje na reunião do Conselho Regional das Comunidades Portuguesas para a América Central e América do Sul.

Em debate estiveram questões económicas e de fluxos migratórios, questões consulares e da participação cívica, assim como o ensino do português no estrangeiro.

O presidente do Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas no estrangeiro, Flávio Martins, reforçou, em declarações à agência Lusa, a importância desta reunião ordinária para as comunidades a residirem nas Américas Central e do Sul.

“Queremos apresentar os pedidos das comunidades, porque, é preciso que se entenda, que os pedidos da América do Sul não são os da Europa. São realidades completamente diferentes. O que queremos neste momento é congregar propostas que, depois, serão apreciadas pelo conselho permanente e, posteriormente, fará a interlocução [com o executivo português]”, frisou Flávio Martins.

Em relação à crise na Venezuela, um dos temas mais abordados durante a reunião de hoje, o presidente do Conselho Permanente declarou que ainda há muitos “esforços a melhorar” por parte do executivo português.

“Os relatos que ouvimos são impressionantes. Entendemos que Portugal não pode entrar lá sem autorização, mas deveriam ser criados ou melhorados esses esforços que Portugal tem feito para colaborar com a comunidade portuguesa. O Governo tem avançado, e os conselheiros locais têm relatado isso, mas ainda há muita necessidade lá”, alertou.

A reunião do Conselho Regional das Comunidades Portuguesas na América Sul e Central prolonga-se até sexta-feira, contando ainda com a eleição do presidente e secretário do Conselho Regional, assim como a redação da “carta de Brasília”, com as propostas saídas deste encontro de trabalho.