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Amnistia vai vigiar candidatos italianos para combater “discurso de ódio”

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A Amnistia Internacional vai monitorizar as declarações publicadas pelos candidatos italianos às eleições europeias de maio nas redes sociais para verificar um eventual recurso ao “discurso de ódio”, divulgou hoje a organização não-governamental (ONG).

“Com as eleições europeias, vamos lançar um controlo sobre quanto e como os direitos humanos vão entrar no debate na Internet”, disse Martina Chichi, uma responsável da secção em Itália da organização internacional.

A monitorização será feita através de um programa informático que vai recolher todas as declarações que todos os candidatos irão publicar nas respetivas contas no Facebook e no Twitter.

O mesmo programa também irá selecionar aleatoriamente uma grande amostra de comentários de internautas e avaliar o respetivo conteúdo.

Um painel composto por cerca de 100 pessoas, com formação especializada, será chamado a avaliar se as declarações publicadas ‘online’ transmitem uma ideia positiva ou negativa.

Caso seja negativa, existem três níveis de gravidade possíveis, sendo que o pior é designado como “discurso de ódio”, segundo os critérios definidos pela União Europeia (UE), segundo explicou Martina Chichi.

O diretor da Amnistia Internacional Itália, Gianni Rufini, lamentou, por seu turno, que “o discurso de ódio se tenha propagado e contaminado também o pensamento”.

“Hoje, não odiamos apenas os migrantes ou as pessoas de etnia cigana, também odiamos as pessoas que dizem que estes grupos têm os mesmos direitos que os outros”, frisou o representante.

Segundo Gianni Rufini, o mundo atual está a testemunhar “uma criminalização da solidariedade”.

“Um grave passo para trás nos direitos humanos em todo o mundo”, denunciou ainda Rufini, acrescentando que a fronteira entre a violência verbal e a violência física é “cada vez mais efémera”.

A Amnistia Internacional anunciou ainda que apelou aos candidatos italianos às europeias para terem uma especial atenção a várias áreas relacionadas com os direitos humanos: direitos das mulheres e da comunidade LGBTI (Pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo), migrantes e refugiados, ativistas dos direitos humanos, políticas de austeridade que afetam os mais vulneráveis e as mudanças climáticas.

As eleições europeias 2019 vão ter lugar de 23 a 26 de maio. Em Itália, o escrutínio decorre a 26 de maio.

O país é governado atualmente por uma coligação composta pela Liga (partido de extrema-direita) e pelo Movimento 5 Estrelas (M5S, populista), executivo que tem adotado uma linha dura em matérias relacionadas com as migrações.