Madeira

Dia de Portugal deve ser também na Casa da Madeira, afirma conselheiro na África do Sul

Casa da Madeira em Joanesburgo. Foto Vitor Hugo
Casa da Madeira em Joanesburgo. Foto Vitor Hugo

O conselheiro da Diáspora Madeirense na África do Sul, José Luís da Silva, defendeu na sexta-feira a celebração do Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas na Casa da Madeira em Joanesburgo.

“Sempre procurei que o Dia de Portugal também fosse feito na Casa da Madeira por madeirenses que são portugueses, e não ao contrário. Essa coisa de dizer sou madeirense, não sou português, foi noutros tempos”, disse José Luís da Silva, durante um encontro, em Pretória, entre a comunidade portuguesa e o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

“Sabemos muito bem que houve, há e ainda existe, alguma diferenciação entre madeirenses e portugueses, algo a que me tenho oposto determinantemente”, vincou o conselheiro madeirense.

José Luís da Silva disse ainda que “foi nomeado conselheiro pelo presidente [do Governo Regional da Madeira, Miguel] Albuquerque, há quatro anos”, e que nesse sentido “gostaria de exercer este cargo, se assim se pode chamar, de forma mais eficiente, se realmente os nossos dirigentes nos pudessem ouvir”.

O conselheiro sublinhou também os “desafios e ameaças” que os portugueses na África do Sul enfrentam, para aludir à situação de centenas de emigrantes portugueses na Venezuela.

“Que não nos aconteça a nós como aconteceu na Venezuela, em que os governos dizem ‘nós estamos com atenção’ e ‘estamos de braços abertos para vos receber’, e não receberam todos os imigrantes da Venezuela em Portugal, não podem receber, porque não têm capacidade para tal”, afirmou.

“Mas se isso acontecer aqui na África do Sul, posso garantir-lhe -- prosseguiu, dirigindo-se directamente ao ministro português -- que será muito pior do que a descolonização, e por isso peço-lhe muita atenção e ao seu governo, para que os imigrantes madeirenses na África do Sul não sejam negligenciados de forma alguma e que não sejam tratados como madeirenses e os outros no outro lado como portugueses”, concluiu o conselheiro das comunidades da Diáspora Madeirense na África do Sul.

No final do encontro, o chefe da diplomacia portuguesa respondeu: “Evidentemente que, se houvesse um problema dramático, também cá estaríamos. Temos acolhido todos, mas digo todos, e repito todos os nossos compatriotas, os cônjuges dos nossos compatriotas, os amigos dos nossos compatriotas e, às vezes, os que nem são cônjuges nem amigos dos nossos compatriotas e nem são nossos compatriotas que têm ido da Venezuela para Portugal; temos acolhido todos e de braços abertos e, portanto, sobre isso não tenho a mínima dúvida sobre o que é Portugal e o que é que Portugal pensa dos portugueses no mundo”, disse Santos Silva.

“Mas estamos muito longe da situação dramática que se vive noutros lugares, mas de qualquer modo é muito importante que nos mantenhamos unidos, que usemos a nosso favor a facilidade de relação diplomática entre os dois países e da forma como o nosso embaixador se mexe completamente à vontade com as portas todas abertas junto das instituições sul-africanas, e que usemos também, em nosso favor, os termos muito calorosos com que as instituições locais nos tratam”, afirmou.

Santos Silva terminou na sexta-feira uma visita de dois dias à África do Sul, tendo mantido encontros com as autoridades sul-africanas e as comunidades portuguesas em Joanesburgo e na Cidade do Cabo.