DNOTICIAS.PT
Artigos

Fisgas

Nunca fui muito dado a brincadeiras assim para o violento. O mais longe que fui foi talvez no “lá-vai-obra”, mas agachado à frente de um vidro a ver se alguém que saltasse lá dava com a fronha, uma estupidez fruto da inconsciência infantil, que mede mal alguns perigos.

Não pensem portanto que aqui vou apelar a que peguemos nesta pequena arma, desatando a tentar acertar na “mouche” de um corpo alheio; nada disso! Mas, com elásticos mais ou menos tensos, mais ou menos esticados, foi bom ver fisgas a acertar no alvo, na recente Conferência de Turismo.

Alguns mais sanguinários ficam tristes porque queriam era pancada. Outros acham o contrário ou que quem vem de fora não tem nada de vir expor publicamente ineficiências, por mais gritantes que sejam. Outros ainda gostavam de ter visto tratados outros temas e depois temos ainda aqueles que leem crescimento como sinónimo de rentabilidade ou desenvolvimento e toca a cascar no sector, neste sector que alimenta tantas famílias.

Sei, até por experiências passadas que, tal como nestes artigos onde tenho de fazer uma gestão parcimoniosa dos caracteres, também nas Conferências não conseguimos ter tempo para tratar de tudo. Também sei que os oradores são como os melões; só sabemos se têm sumo depois de abertos… E sei igualmente que é impossível agradar a todos.

Gostava, eu também, de ter ouvido sobre outros temas. Que alguém pudesse ter vindo falar-nos da elasticidade do Produto. Idealmente com dados, que pudessem naturalmente ser certificados algures e aproveitando o que hoje as nossas Estatísticas já nos dão, mas igualmente salientado onde esses dados podem fazer-nos dar uma fisgada em falso.

Gostava de poder ter visto um pouco menos de números em algumas apresentações e um maior enfoque nos sinais de potencial perigo, pois isso certamente ajudaria a afinar o ponto de mira em relação a certas percepções da realidade. Gostava, mas compreendo que não dá para tudo.

Isto dito, porque aquele foi sempre um espaço de reflexão, não gostei das ausências. Nem um membro do Governo presente, mesmo estando os mais relacionados com esta área justificadamente ausentes. E o que dizer do discurso transmitido do Sr. Secretário do Turismo, normalmente tão mais assertivo e, noutro tempo, acutilante?

É também por isso que não podemos deixar que esta Conferência deixe de ser o embrião de caminhos, de ideias, de sugestões, até porque foi para isso que ela nasceu e é por isso que ainda sobrevive!

Não tentem, desvalorizando ou menorizando, roubar fisgas às pessoas, retirar-lhes a capacidade de poderem arranjar um suporte de duas pontas onde amarrar o seu elástico, mesmo que alguns desses elásticos, como o meu, tendam pouco para um…