Gaza: o grito do desespero

Susana Peralta, professora universitária, no seu artigo, “Palestina, sem Estado, sem direitos, mortos à fome”, citou a carta que Rhoda Howard-Hassman, canadiana judia, académica jubilada, especialista em Direitos Humanos Internacionais e estudos comparados de genocídio, enviou, esta semana, ao embaixador de Israel, no Canadá, e disponível no seu blogue: “O primeiro-ministro Netanyahu negou que exista fome (famine) em Gaza. Isto é uma mentira descarada. Israel está a praticar o que a falecida académica (judaica), Helen Fein, chamou de genocídio por exaustão. Um exemplo de genocídio por exaustão é o Holocausto. Os judeus que não foram assassinados de imediato foram mortos à fome, tanto nos campos como nos guetos.” (Público, 1 Agosto)

Azeredo Lopes, professor universitário, recentemente, na CNN Portugal, disse que se fizermos a comparação de imagens da 2.ª Guerra Mundial com imagens do que está acontecendo, em Gaza, identificamos semelhanças.

“O relatório de Francesca Albanese, divulgado em princípios de Julho 2025, “Da economia de ocupação para a economia do genocídio” gerou bastante controvérsia pelo conteúdo e organização por temas/sectores, onde, em cada tema/sector, se referem vários agentes que retiram elevada lucratividade na colaboração do genocídio praticado.

Os principais temas referidos abrangem fabricantes de armamento, grupos tecnológicos, construtoras, bancos e instituições como universidades e até organizações de turismo como a Booking Holdings e Airbnb.

Mas outras grandes empresas são mencionadas, a IBM, Microsoft, Alphabet, Amazon, Caterpillar, grupo Volvo, Hyundai, muitas empresas fabricantes de armamento com destaque para as dos EUA, Israel e Europa, bem assim as de fornecimento de energia. A leitura do relatório fornece informação específica e detalha as fontes. É esta denúncia que Trump não perdoa.” (“Trump pune Francesca Albanese. Quem é esta jurista italiana?, João Abel de Freitas, Jornal Económico, 30 Julho)

Recordemos aquelas insanas imagens de marketing que Trump promoveu do que deveria vir a ser Gaza - uma Riviera Turística. Uma Riviera Turística que nasceria do sofrimento e aniquilamento de um povo, e que outros, depois, por lá desfrutariam, os seus momentos de lazer e diversão. Esta a ignóbil ética do líder de um país, que é referência no mundo.

O embaixador de Israel, em Portugal, Oren Rosenblat, em entrevista à CNN - Portugal, disse que “as imagens de fome em Gaza são campanha de propaganda”; “as crianças que morreram sofrem de doenças graves”; “há 98 milhões de refeições que foram destruídas”; “estamos sempre a acompanhar a situação humanitária em Gaza” (CNN – Portugal, 1 Agosto, edição Meio Dia, 2.ª parte).

Na entrevista, à Sic Notícias (1 Agosto, 22:57), o embaixador disse que as crianças não são magras por causa da fome ou da guerra.

O autor de tais afirmações, porventura, considere que os portugueses são mentecaptos.

Emma Graham-Harrison, correspondente no Médio Oriente, do jornal britânico “The Guardian”, no artigo: “A matemática da fome: como Israel causa a fome em Gaza” (31 Julho)

Num dos seus primeiros parágrafos, lemos: “A ideia é pôr os palestinianos a fazer dieta, mas não fazê-los morrer de fome”, disse um conselheiro sénior do então primeiro-ministro, Ehud Olmert, em 2006. Um tribunal israelita ordenou a divulgação de documentos que mostram os detalhes destas somas macabras dois anos depois.”

“O premiado autor, israelense, David Grossman, descreveu a campanha de seu país em Gaza como um genocídio e disse que agora “não consegue evitar” usar o termo.” (The Guardian, 1 Agosto)

José Júlio, médico, na sua página do FB, na sua reflexão sobre Gaza, concluiu: “Independentemente da classificação que se lhe queira dar, o que se está a passar em Gaza é absolutamente desumano e não devia acontecer no século XXI (nem em nenhum século!). Muito menos provocado por um povo que durante milénios sofreu os horrores que agora está a provocar noutros.”

O Pe. José Luís, na sua página do FB, no seu espaço de reflexão, “Escrever na água”,

alertou: “façamos do passado negro exemplo a não ser repetido e como ensinou Spinoza «se não quer repetir o passado, estude-o». Não nos cansemos de estudar o passado e de o mostrar com veemência aos mais pequenos e, por favor, não normalizemos o chocante.”

João Freitas