(In)Segurança nas nossas ruas? O desafio coletivo
Nos últimos dias, muito se tem falado sobre a evolução da segurança nas nossas ruas. Em relatórios oficiais, vemos números que apontam para uma maior segurança. Contudo, quem diariamente percorre as ruas, atravessa as praças ou regressa a casa depois do trabalho principalmente no inverno, percebe uma realidade distinta: existe uma perceção crescente de insegurança, sobretudo em determinados locais e horários.
Importa reconhecer este contraste entre estatísticas e perceções. Não basta que os números mostrem descidas nos indicadores de criminalidade se as pessoas não se sentem confiantes ao circular nas ruas. Se os cidadãos não se sentem seguros, algo está incompleto no nosso trabalho coletivo.
É verdade que têm sido implementadas medidas importantes: reforço de patrulhamento, instalação de câmaras de vigilância, melhoria de meios tecnológicos. Todas contribuem. Mas sabemos que não basta reforçar o número de efetivos da polícia; é necessário também atuar nas causas profundas da insegurança. Aqui entram fatores como o consumo e tráfico de drogas, a ausência de estruturas ou espaços que permitam aos jovens ocupar-se em atividades lúdicas, saudáveis e de integração social. Criar oportunidades e ocupação positiva é tão importante como garantir a presença policial.
É igualmente essencial reforçar a ideia de que existem regras e condutas que devem ser respeitadas por todos, sem exceção. No passado, era comum que a própria comunidade tivesse uma reação imediata perante uma conduta incorreta, mesmo que fosse um pequeno furto ou um gesto que pudesse magoar alguém. Hoje, muitas vezes, opta-se por olhar para o lado. Essa indiferença fragiliza o sentido de comunidade e contribui para um sentimento de insegurança cada vez mais marcado.
Devemos assumir com clareza que a segurança é, em primeiro lugar, uma responsabilidade do Estado, mas que depende também de cada um de nós. Cada gesto de vigilância mútua, cada atitude de solidariedade e cada sinal de atenção fazem a diferença.
A segurança é um direito fundamental, mas é também uma construção coletiva: para o presente e, acima de tudo, para o futuro.