O errado sempre será errado
É inadmissível ter helicópteros e aviões em terra por não se ter garantido a sua manutenção
Desculpas evitam-se e o errado sempre será errado, independentemente da pessoa que cometa o erro.
Esta coisa de chegar-se ao Governo e ter a mania de mudar tudo simplesmente porque sim e porque quer-se arranjar tachos para “alguns” está a levar o país para o caos. Nem tudo está errado. A regra a aplicar deveria ser conciliar a experiência do passado para melhorar a atuação futura.
Governar e ocupar lugares quando tudo corre bem é fácil. Mas governar e tomar medidas em situações complicadas exige sabedoria. E isto já não é para todos.
Os incêndios que estão a devastar Portugal durante este Verão demonstram o quanto o Governo português atual não está preparado para situações de crise. À conta da mudança de governação, desmantelou-se a direção da Proteção Civil e nomearam-se novas pessoas. Resultado: descoordenação dos meios a atrapalhar ainda mais os meios existentes. Com a agravante deste ano já ter ardido mais área florestal no nosso país que nos últimos 3 anos. Portugal é já o país europeu com mais área ardida desde 2017.
Caricato que enquanto o fogo alastrava, o primeiro-ministro estava de férias e manteve-se de férias. E o Presidente da República que, no passado, chamava a atenção do Governo para a situação também decidiu aparecer em tronco nu na praia, exibindo descontração. Parece que este tornou-se o modus operandi do PSD. Por aqui, foi a mesma coisa nos últimos incêndios.
Quem se candidata a um lugar público precisa de estar preparado para não ter férias. Se não está disposto a abdicar de si pelo bem comum, não tem perfil para ocupar cargos de governação.
É inadmissível ter helicópteros e aviões em terra por não se ter garantido a sua manutenção. A culpa não é do anterior Governo. O PSD é governo desde o ano passado. Apresentar as razões pelo seu não funcionamento como desculpa pela inoperacionalidade é inadmissível. Admitir que houve uma “certa descoordenação” só demonstra incompetência e total desconhecimento do território e uma governação que não é proativa. Não se prepara para o futuro nem nas coisas mais básicas como é o problema dos incêndios que ocorrem todos os anos.
É inconcebível o pedido tardio do Governo português à ativação do Mecanismo de Proteção Civil da UE para pedido de auxílio no combate aos incêndios. E, entretanto, o fogo ganhou força e foi devorando as nossas florestas e colocando em risco a população. Por orgulho? Numa lógica de orgulhosamente sós? Burrice ao mais elevado nível.
Quando Montenegro estava na oposição era só criticar. Faria melhor. E agora? Agora, quem tem olhos que veja.
O que ainda está a valer é a luta das populações contra o fogo. Se não fosse isso, aldeias inteiras tinham sido devastadas.
Para hoje, está convocado um Conselho Extraordinário do Governo para tomar medidas de apoio aos prejuízos causados pelos incêndios. Estaria mais satisfeita se tivessem tomado medidas de prevenção, garantido o bom manuseamento dos meios aéreos existentes, melhorado a coordenação dos meios e tivessem sido mais céleres na sua atuação para que a situação não chegasse ao ponto que chegou.
Agora, lá temos nós de suportar mais uma verba orçamental para fazer face aos prejuízos. Não pense o leitor que não sairá dos nossos bolsos. Uma despesa que poderia ser evitada, ou com toda a certeza, ser bem mais pequena.
Atenção que este problema dos incêndios não se resume a floresta ardida. São inúmeros animais que morrem e um ecossistema que se alterará no futuro. Não tenham dúvida que haverá consequências destes incêndios para o futuro. É provável que a temperatura média do nosso país vá aumentar. Depois, quando chegar ao Inverno poderão ocorrer fenómenos de inundação por não termos vegetação que prenda os solos. A qualidade do ar fica alterada, problemas de saúde respiratória podem ocorrer e podemos vir a ter problemas de água tão necessária para a nossa agricultura pela não captação de água para os lençóis freáticos. O equilíbrio do ecossistema está ameaçado.
Lembro-me do meu tempo de escola que D. Dinis mandou plantar o Pinhal de Leiria principalmente para fixar as areias e proteger os terrenos agrícolas da erosão causada pelo vento. E se bem se lembram, grande parte do Pinhal de Leiria já foi ardido.
Por cá, a teimosia também é escola. A preocupação também não é resolver problemas. “Aqui quem manda sou eu” ganhou força com a maioria absoluta.
Nova greve dos motoristas de autocarros está convocada para 17 e 18 de setembro porque simplesmente não se quer ouvir e compreender as reivindicações dos motoristas. Que se lixe o Zé Povinho que carrinho à porta para levar para o trabalho está garantido para o Senhor Secretário da tutela.