Consolidar direitos, prevenir retrocessos
As revoluções tecnológicas ao longo da história sempre trouxeram consigo o fim de várias atividades e o nascimento de outras
Vários estudos apontam para profundas mudanças no mundo do trabalho com impactos atualmente imprevisíveis, as oportunidades e os desafios são multifacetados, impondo coletivamente a adoção de compromissos para o futuro que passam por uma abordagem colaborativa e proativa entre governos, empresas, instituições de ensino, trabalhadores e seus representantes que permitam efetivar uma transformação que seja justa e benéfica para todos.
A inteligência artificial (IA) e a introdução de novas tecnologias no mundo do trabalho está a ser equiparada, às grandes revoluções do passado como por exemplo a Revolução Industrial onde se mecanizou o trabalho manual. A comparação com o período atual com chegada da designada inteligência artificial, onde se assiste à automatização de tarefas cognitivas e repetitivas em diversos setores e profissões, constitui um ponto de viragem histórico, abrangente e considerável com choques profundos na sociedade, nomeadamente no setor laboral, na economia e em muitas outras áreas de atividade.
As revoluções tecnológicas ao longo da história sempre trouxeram consigo o fim de várias atividades e o nascimento de outras. O surgimento de novas indústrias e profissões, na era da (IA) não será diferente, como está a acontecer em áreas como a ciência dos dados, as moedas virtuais, a engenharia de “machine learning”, e outras que combinam conhecimentos e capacidades técnicas e humanas.
O recente período pandémico condensou em menos de três anos mudanças que estavam previstas ocorrer ao longo de uma década, das quais é exemplo o desenvolvimento da vacina para combater a COVID 19, o teletrabalho, o ambiente virtual imersivo onde as pessoas interagem entre si e com o mundo digital, os criadores de conteúdos e influenciadores, são apenas alguns exemplos das potencialidades das novas tecnologias que estão a transformar o mundo em geral e o mundo do trabalho em particular.
Apesar dos riscos e das oportunidades, a visão mais consensual aponta para que esta nova vaga não vai substituir o trabalho tradicional e o potencial humano tal como o conhecemos, mas sim reforçar e complementar as capacidades humanas. A reconfiguração em curso produzirá oportunidades que obrigarão a novas formas de trabalho, novas competências e géneros de negócio, produtos e serviços exigindo a cada trabalhador maior habilidade de adaptação e interação com as novas tecnologias num processo de aprendizagem continua no contexto laboral e ao longo da vida.
Com contornos imprevisíveis esta nova realidade tem de se desenvolver centralizando a pessoa em todas as suas dimensões, promover a estabilidade laboral, a valorização do trabalho e do trabalhador, a regulamentação dos novos modelos de trabalho, garantindo direitos básicos como o respeito pelos tempos de trabalho e descanso, o direito a férias, a proteção social, assim como a harmonização da atividade profissional com a vida individual e familiar de cada trabalhador.