Tempos de criança
Ser grande, era ambição
Criança então, eu era
Achava o tempo parado
“Nunca chegava ao verão”
Tampouco à primavera
E o natal, tão retardado
Era nobre, em pobreza
Sem ter qualquer brasão
Meu lar, me aconchegava
Tudo era singeleza
Onde não faltava o pão
Comia, o que a terra dava
Não havia computador
Telemóvel, ou consola
Trotinete, também não
Tinha de ser inventor
Com trapos, fazia a bola
E de um galho, o meu peão
O meu carro de madeira
Que eu tive de construir
Tinha volante e travão
Descia bem a ladeira
O difícil era subir
Só subia de empurrão
Ao pila-pila, eu jogava
Ao anel e à espadinha
Aos escondidos também
Tudo isto acabava
Lá bem pela tardinha
Ao grito da minha mãe
José Miguel Alves