Um resultado incerto e um futuro em aberto!

Das eleições legislativas em Portugal saiu um cenário de incertezas. A Aliança Democrática (AD) venceu, mas falhou a maioria absoluta. Já o Partido Socialista (PS) registou um dos seus piores resultados das últimas décadas. Contudo, o Chega consolidou a sua posição, capitalizou o descontentamento popular com o sistema político. Os restantes partidos, com a excepção do Livre, não souberam traduzir as suas propostas em mais deputados.

À AD exige-se capacidade de diálogo e uma postura aberta à negociação. Ao PS, impõe-se uma oposição firme, mas construtiva, consciente dos riscos de instabilidade política. Já o Chega enfrenta o desafio de equilibrar a fidelidade à sua base eleitoral com a ambição de chegar ao governo, sem compromissos com o centro político.

Luís Montenegro lidera agora num cenário de elevada complexidade institucional, onde cada passo exigirá ponderação e sentido de Estado. O PS, por sua vez, enfrenta o desafio de se reinventar num novo ciclo político, onde a clareza de propostas e a coerência do discurso serão cruciais para recuperar confiança dos eleitores.

Numa conjuntura internacional marcada pela instabilidade e combinada com a persistente fragilidade da economia portuguesa, o futuro governo terá responsabilidades acrescidas. A crise no acesso à saúde e à habitação, o custo de vida insustentável para os mais vulneráveis e a persistência da pobreza crónica exigem respostas urgentes e eficazes.

Importa agora governar com visão e compromisso para transformar a vida dos portugueses que vivem em situação de precariedade.

Carlos Oliveira