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Crónicas

Como é bela a democracia!

Tenho pena de não termos maioria absoluta dependente dos três deputados do PSD/Madeira

Somos um povo infinitamente sábio. Não fazemos logo bem, mas … fazemos.

Em 50 anos demos cabo de uma revolução comunista, retrógrada e fascista. Quase extinguimos o partido comunista e a fec-ml, esta última travestida em sucessivas coreografias extremistas até à última delas conhecida pelo partido das manas. Derrotámos a podridão socialista a quem mais entregámos o governo da nação nesta era pós 25 de Abril. Acabámos com essa histórica maioria de esquerda, socialista e comunista, que num prec (processo revolucionário em curso) fez eleger Mário Soares.

Quase extinguimos o CDS, qual reminiscência de uma geração extinta sem possibilidade de sobrevivência. Não fora a coligação teria “ido” nesta mesma oportunidade.

É essa renovação, que iniciámos na Madeira há dez anos, que agora, pela mão do PSD e outras novas forças políticas, se assume para Portugal.

Vamos ficando iguais à Europa! É bom? Também não vejo felicidade na cara dos cidadãos europeus. Mas deixámos de ter aquelas figuras arcaicas, medievais, que nos tomavam por patetas e que nos faziam ter vergonha de nós próprios.

Eu não gosto mais do CHEGA do que do partido comunista e do bloco de esquerda. Sei que são todos fascistas, de um homem ou mulher só, sem voz e democracia interna, quais paus mandados de uma directiva política, por vezes, internacional. Mas é o novo rosto político da oposição em Portugal. É com eles que partilharemos a vida política do próximo futuro. Já não é entre PS e PSD. Passou a ser entre o centro moderado e a direita radical extremista. O resto são esqueletos disfarçados.

Resta ao PS a última decência política possível: deixar seguir esta vontade colectiva de governo fazendo evitar a ruptura política e social com o populismo de direita.

É naturalmente difícil ao PS se enquadrar com a História moderna.

A Madeira mais uma vez foi exemplar. Um hino à liderança política regional de Miguel Albuquerque. Os puro-sangue não se abatem. Vencem sucessivamente.

Votaram menos onze mil eleitores que há um ano, Miguel Albuquerque teve mais cinco mil votos. A sua única dificuldade política foi interna no PSD quando gente, antigamente responsável, numa crise de ciúmes procurou destruir uma renovação política desejada popularmente. Não têm remorsos do mal que faziam ao seu próprio partido? A História há-de escrever as razões daquela traição.

Os madeirenses mantiveram-se fiéis na sua preferência autonómica no que respeita à participação no parlamento nacional.

Este resultado eleitoral é um misto de satisfação e frustração: não vamos ter a maioria absoluta parlamentar dependente dos três deputados eleitos pelo PSD. Esse quadro político será o que nos proporcionará a força necessária a um confronto constitucional e acerto de um processo autonómico que começou errado e nunca se endireitou. Não vislumbro outra oportunidade capaz de nos dar coragem para a ruptura que um dia se imporá. Antes que as linhas vermelhas que afastam a autonomia do separatismo façam trincheiras irremediáveis.

Havemos de escrever sobre este tema inesgotável.

Parabéns ao JPP. Já ninguém lhe tira o feito histórico de ser o primeiro partido regional na Assembleia da República. Espero que não se ofenda. O seu percurso é inequívoco. Origem na freguesia de Gaula, consolidação no concelho de Santa Cruz e estatuto regional na Assembleia Legislativa da Madeira e na Assembleia da República. Aqui vai. Sem dúvida, com habilidade própria, e é um elogio, soube contornar a proibição constitucional de existirem partidos regionais na democracia portuguesa.

Na minha maneira de ver o JPP beneficia ainda de alguma ideia de inocência na forma austera como actua partidariamente. Até consegue abafar algum custo político por chefiar uma câmara difícil como a de Santa Cruz.

Mas o sucesso do JPP tem a ver com a sua autonomia regional e alguma ideia, não assumida pelos próprios, de esquerda moderada.

O JPP e o PSD são as duas realidades com motivação autonomista. O PSD, partido fundador da nossa autonomia constitucional, que com a sua moderação social sempre defendeu a Madeira contra os seus adversários nomeadamente em Lisboa. No entanto, já parece ter sido mais de esquerda e mais autonomista.

Na Europa, a autonomia está a cargo dos partidos regionais de esquerda. Dos que se afirmam autonomistas, coisa que em Portugal a esquerda nunca promoveu.

Em Canárias é a esquerdista Coligação Canárias que lidera a defesa da autonomia, com pendor nacionalista. No País Basco, na Catalunha e outras autonomias espanholas é a esquerda quem assume o separatismo para com o centro político histórico. Em Itália, Escócia, etc. repete-se a mesma ideia.

Em Portugal foi o PSD desde sempre e, agora, o JPP a quem se atribui interesse pela autonomia. Esperemos pela sua prática diária na Assembleia da República.

Esta será a realidade das próximas décadas. Um PSD liderante com o JPP e o CHEGA repartindo a oposição.

Do PS não será de esperar seja o que for. A teimosia de Paulo Cafôfo em continuar a liderar é boa garantia que os socialistas apenas se afundarão mais. Na Madeira seguirá o caminho do partido comunista e do bloco de esquerda: minguar na representação política até se apagar. Não consegue ver que é esta sua atitude a que dita a sua perda de intervenção. Atirar um seu militante para lista eleitoral de Setúbal mostra bem o desprezo regional pelos que internamente se distinguem, como ainda assinala o desprezo que o líder nacional mima a estrutura regional. Nenhum tem vergonha. Porventura alguns “socialistas” madeirenses preferiam ter votado em Setúbal. Foi o pior resultado do PS em todo o país. Enxovalho público.

Responsáveis: os muitos militantes socialistas que, em Janeiro, deram lugar a uma farsa partidária com nome de congresso.

Podemos concluir que o PSD é o único partido português fundador da democracia que se mantém pujante e representativo. Na Madeira adiciona a qualidade de promotor da autonomia.

Canais televisão

Agora é varrer “as comentadeiras e os comentadeiros” dos nossos canais televisivos sob pena de, em breve, perderem toda a audiência. Lixo!

Questiono-me sobre os debates eleitorais e a seriedade das notas atribuídas pelos “comentadeiros”. André Ventura, segundo as suas avaliações, perdeu a generalidade dos debates mas foi a estrela eleitoral.

Futebol de Primeira é na SERRA

A ideia de desprezar o MELHOR da Madeira, dando-lhe berço na serra, cercado de eucaliptos e invisível pelo nevoeiro, não se revela a melhor caracterização a quem é competente, bem sucedido e, agora, invejado. A História, ao contrário do que os tolos pensam, não faz o futuro. O que está para trás pode encher de orgulho mas não projecta necessariamente o que vem a seguir. Muito menos o qualifica.

As vitórias da História não fazem parte do nosso currículo de sucesso. Foram outros, que já partiram, os heróis dessas glórias.

O que faz triunfar em cada tempo é ser melhor que a concorrência, ter razão no que faz e decidir com a sua sabedoria se for competente.

Gerir uma equipa de futebol não é justificado por ir ao futebol desde pequenino, o pai cedo o ter feito sócio e pensar que sabe o suficiente. Não é nada disso.

São os mesmos atributos necessários para administrar um grupo hoteleiro, empresa de transportes, projecto habitacional, fábrica de massas ou padaria: “know how”, seriedade, competência e bom senso.

Quantos clubes cheios de História jazem nos cemitérios da terceira Liga ou regionais de futebol? É triste mas realidade presente. E futura.

São ciclos que a uns atormentam por algum tempo, enquanto a outros mata sem dó. Regressar é possível. Ressuscitar já não.

E o pior de tudo é não perceber onde está a competência e a liderança. Foi o que aconteceu com Fábio Pereira e Ivo Vieira. Ser madeirense na Madeira é das piores origens que se pode ter. Também para um treinador.

Não foi elegante alguns madeirenses aplaudirem o sucesso do Tondela que simultaneamente desqualificava o madeirense Fábio Pereira. Treinador com vinte jogos sem qualquer derrota. Porque acham que o Vizela teve sucesso? Porque tem melhores jogadores que o Marítimo. O treinador era o mesmo. A equipa era diferente. A culpa era do Fábio?

Jorge de Sá

Morreu o Comendador Jorge de Sá, empresário à “moda antiga” que desenvolveu um dos maiores grupos económicos da Madeira. Assessorado pelos seus três filhos, teve a coragem de criar marca própria num negócio competitivo com os maiores da distribuição em Portugal. Teve sucesso e dissabores mas será sempre lembrado como uma das grandes referências empresariais do nosso país.