Ir ou ficar? Eis a questão
Quantas vezes nos deparámos com a dúvida? Vou ou fico? Arrisco ou não arrisco? Avanço ou deixo-me estar quieto? Existem pessoas mais predispostas a tentar, a procurar o desconhecido com vontade de ir e de enfrentar o incerto. Outras preferem ser mais conservadoras, menos aventureiras e sobretudo cautelosas. Há quem tenha medo de perder o que tem e os que querem muito mais. Os que não estão dispostos a ficar sem nada e os que não se importam de jogar tudo. Não sei se é defeito ou feitio. Umas vezes ganha-se e outras perde-se mesmo para quem tenta e para quem não tenta. Em decisões muitas vezes importantes essa parte da nossa personalidade vem ao de cima para se mostrar ao mundo e afirmar quem nós somos enquanto seres humanos. Há quem tenha medo de experimentar coisas diferentes, quem goste de jogar pelo seguro. E os que preferem sempre procurar novas conquistas e que não se importam de desafiar as probabilidades à procura dos seus sonhos e das suas concretizações.
Na minha vida sempre fui dos que foram. Nunca fiquei. Sempre preferi arriscar do que ficar na dúvida de como poderia ter sido. Umas vezes arrependi-me, noutras agradeci o instinto e a ousadia. Umas vezes de forma um pouco inconsciente até, noutras com a firme convicção de que ia resultar. Acho que o receio de ficar eternamente na dúvida do que podia ter sido, leva-me a dar o passo em frente. Há quem pense exatamente ao contrário e prefira ficar com receio do que pode acontecer, se for. É uma das características que mais nos distingue como pessoas. Sem empreendedores, aventureiros e sonhadores nunca teríamos ido tão longe mas sem os que preferem posições estáveis e sólidas nunca conseguiríamos o equilíbrio. No fim do dia é fundamental estarmos confortáveis com as nossas escolhas e sermos determinados seja qual for a decisão. Não há nada pior que passarmos a vida amargurados por escolhas erradas e revoltados por não termos tido a capacidade de escolher bem na altura certa mas a vida é mesmo assim. Feita de escolhas, de tempos, de dinâmicas e de “timings” Por vezes até estávamos a pensar bem, a ideia era boa e tinha tudo para resultar mas não o fazemos no melhor momento. E os momentos entre as pessoas nem sempre se cruzam nos ponteiros do relógio.
É absolutamente angustiante par alguns ter que tomar decisões, para outros é apaixonante. Há quem não conviva bem com a determinação de dois caminhos e há quem à partida escolha sempre um lado da contenda. Os que conseguem ser quase sempre a Suíça e os que ou são Israel ou Palestina. Isso mostra muito do nosso carácter e influencia em grande parte o que somos para os outros e para nós próprios. É também por isso que uns lideram e outros preferem ser conduzidos e nenhum tem que ser melhor do que o outro. Isso nota-se em quase todos os momentos da nossa existência. A capacidade e o discernimento para actuar e a sagacidade para ver o que quase todos os outros não veem. A vontade de impor ideias, de ser criativo e inovador ou a tendência para fazer parte. O processo de decisão, seja na nossa vida profissional ou pessoal acarreta responsabilidades que interferem na vida de outras pessoas e não deixa muito espaço para hesitações nem para receios.
Ir ou ficar é por isso uma das grandes questões da humanidade e da complexa teia de relações onde nos movemos. Não deixa por isso de ser uma das mais incríveis provas de maturidade e da nossa afirmação. Do que somos e do que sentimos. A cabeça ou o coração? A razão ou a tentação? A bonomia do conhecido ou o perigo do desconhecido?
Frases soltas:
Na próxima semana temos eleições. Este é um tempo muito importante para a minha geração e as que se seguem. Por mais que nos faltem referências é fundamental não deixarmos esta decisão nas mãos de outros. É imperioso votar.
Este ano está a ser atípico a nível meteorológico. Falta sol e calor e sobra chuva. No mínimo esperamos uma recompensa de São Pedro em Setembro e Outubro para nos dar aquilo que ainda não tivemos até aqui.