A economia da longevidade e o turismo
De acordo com dados do Eurostat, em 2050, cerca de 30% da população da União Europeia terá mais de 65 anos. Com a expectativa de que a população idosa da UE cresça significativamente, o turismo precisa de se adaptar para aproveitar o potencial da economia da longevidade. Até 2040, prevê-se que as despesas com turismo de pessoas com 55 anos ou mais, quase dupliquem, atingindo 369,5 mil milhões de euros, um aumento de 111% em relação a 2019.
A economia da longevidade refere-se às oportunidades e desafios económicos que surgem do número crescente de pessoas a viver mais tempo e com mais saúde, e foi nesse âmbito que a Comissão de Transporte e Turismo, da qual sou membro efetivo no Parlamento Europeu, solicitou um estudo com o objetivo de analisar a forma como a economia da longevidade afeta e afetará o setor do turismo na UE, incluindo os seus desafios, oportunidades e implicações. Este estudo identificou seis categorias estreitamente relacionadas, que abrangem a maioria das formas de turismo sénior praticadas pela população adulta mais velha: turismo de bem-estar, turismo acessível, turismo médico, migração internacional de reformados, turismo multigeracional e turismo inteligente.
Em termos de desafios, o turismo de bem-estar, o turismo acessível e o turismo médico devem satisfazer as diversas necessidades da população idosa, eliminando as lacunas financeiras e ultrapassando as diferenças entre os sectores da saúde e do turismo, sem agravar a discriminação etária. A migração internacional de reformados, o turismo multigeracional e o turismo inteligente enfrentam desafios relacionados com a integração social, o equilíbrio das necessidades familiares e a prevenção de uma ênfase excessiva na tecnologia em detrimento da integração holística.
Por outro lado, existem inúmeras vantagens. O turismo sénior oferece uma oportunidade única para reduzir a sazonalidade, aliviar as exigências de cuidados de saúde e, simultaneamente, impulsionar o crescimento económico. O turismo sénior combate o isolamento, promove o bem-estar e melhora a satisfação com a vida. Não podemos ignorar os impactos ambientais, como o esgotamento dos recursos e a degradação dos habitats, mas estes podem ser mitigados através de práticas sustentáveis.
É fundamental que a UE desenvolva um roteiro para o turismo sénior e reforce as iniciativas turísticas existentes. O roteiro deve incidir sobre áreas prioritárias, como as práticas de turismo sustentável, a acessibilidade e as viagens multigeracionais, harmonizando os esforços entre todos os Estados-Membros. É essencial existir melhor planeamento e a previsão de cenários no sector do turismo sénior da UE, para aumentar a resiliência e enfrentar crises imprevistas (por exemplo, COVID-19, alterações climáticas ou catástrofes naturais). A cooperação entre os principais intervenientes no turismo e a expansão da investigação são cruciais para enfrentar eficazmente os desafios que se colocam no momento presente.
Neste sentido, procurei transmitir em sede de Comissão a necessidade de serem criados mecanismos adequados a regiões que apresentem maior sazonalidade, como é o caso da ilha do Porto Santo. Defendi incentivos específicos e majorações em programas europeus para estes destinos, que poderão materializar-se em diversas formas, desde a promoção até às acessibilidades, não esquecendo o investimento em infraestruturas, absolutamente determinante perante os objetivos de descarbonização e a inovação tecnológica no setor dos transportes que, como sabemos, não pode ser dissociado do setor do turismo na nossa Região.