Em nome da estabilidade
O Chega está condenado a perder deputados por cada eleição que ocorra uma vez que André Ventura comanda o rebanho
As eleições do pretérito dia 23 março já foram esquecidas mas deixem-me relembra-las para tentar evitar erros no futuro. O dr Miguel Albuquerque tanto pediu um governo com estabilidade que os madeirenses, sempre solícitos a ladainhas, fizeram-lhe a vontade, “depois não se queixem”! Mas será que o povo madeirense sabe o que significa essa tal estabilidade? Já alguma vez experimentaram outra estabilidade que não fosse esta “ditadura” de 49 anos do mesmo partido? Será que estabilidade do madeirense é ir ao supermercado e não ter dinheiro para comprar peixe ou carne? Ou os idosos terem que optar por comprar alimentos ou medicamentos porque os trezentos e tal euros da reforma não dá para tudo? Será que estabilidade é viver na dependência das esmolas do Estado? Será que os nossos governantes gabam-se que temos um PIB per capita elevado e nem sequer conseguimos um Ferry quando as ilhas Canárias já têm vários? Será que estar anos numa lista de espera para uma pequena cirurgia ou esperar indeterminadamente por uma consulta é estabilidade? Estabilidade é ter um presidente do Governo e metade do executivo indiciado de vários crimes? É viver numa Região “rica” onde os jovens não conseguem comprar ou mesmo arrendar um T1? Este novo Governo irá acabar com as desigualdades sociais que pululam por essa Madeira fora? O que não conseguiu em meio século irá conseguir em 4 anos? Poderá a operação “Ad initio” ser esquecida como foi a operação “Cuba Livre” (estabilidade na Região é isso), porém a mancha manter-se-á irresolúvel. Resumindo; Miguel Albuquerque pediu estabilidade aos madeirenses quando ele próprio não a quis. Os madeirenses recearam aquele discurso de terra queimada de que a Madeira seria ingovernável sem o PSD e mais uma vez fizeram a vontade aos “donos disto tudo”.
Uma análise sumária aos próximos 4 anos; E digo 4 anos porque o PSD-M não tem oposição já que não se espera que o CDS mexa uma palha para lhe retirar a “estabilidade” que Albuquerque tanto desejou. Porém, paradoxalmente, o CDS, só com um deputado, tem mais força que o seu parceiro de coligação com 23. Do JPP espera-se uma oposição firme e fiscalizadora como é seu apanágio e é capaz de consolidar o lugar de 2º força da oposição por ser um partido que nasceu na Ilha. Do PS-M pouco há a esperar enquanto persistir a teimosia do seu líder que não soube interpretar a mensagem que o povo lhe transmitiu nem ouviu os conselhos dos seus militantes com mais experiência política. Afastou os militantes que pensam pela própria cabeça e não se limitam a seguir o “rebanho” Rodeou-se de um grupo cheio de boas intenções mas que, salvo algumas exceções, caíram de pára-quedas na política e não souberam acrescentar mais valia a um partido que precisa de muita habilidade, tato e experiência para vencer eleições numa terra com um senhorio de 49 anos. O Chega está condenado a perder deputados por cada eleição que ocorra uma vez que André Ventura comanda o rebanho e sabe-se que os madeirenses nunca gostaram de ser comandados por Lisboa e muito menos por um extremista da pior espécie além de deputados ladrões de malas e pedófilos. Da IL não se espera nada porque é uma força nula, comprometida com sistema de quem não se espera que faça oposição. O PAN foi um fogacho que a história apagou. Um caso sintomático foi o CDU que não elege um deputado à cerca de 3 anos, exatamente depois de ter manifestado apoio a Rússia pela invasão da Ucrânia e depois de manifestar simpatia pela besta sanguinária chamado Putin. Os madeirenses são demasiado conservadores para alinharem com ditadores russos ou chineses, já que na nossa pequena Ilha já temos os nossos “ditadorzecos” com quem “nos” damos muito bem.
Finalizo com um tema deveras preocupante; Uma inflação galopante que agora com as taxas da “trampa” vai nos levar a uma terrível especulação, a consequente recessão que agravará a miséria A UE como força política e económica terá que tomar medidas drásticas para controlar esta hecatombe inflacionista e voltar aos anos 70/80 quando os preços dos bens e serviços eram tabelados com margens de lucro pré estabelecidas pelos governos. Poder-se-á agora estranhar mas o comercio e indústria já funcionaram assim e prosperaram.
Aproveito para uma saudação especial à amiga Rubina Leal, escolhida para presidente da ALM. É um lugar merecido pelo seu empenho na política e longos anos de dedicação à causa e ao partido que abraçou. Ao amigo Zé Manel um bem haja por ter devolvido alguma dignidade à ALR, a “casa de loucos” que agora passou aos cuidados continuados.
Desejo-vos um santo e feliz domingo de Páscoa dentro do possível que a estabilidade permitir.