Empresa Horários do Funchal de 'mãos atadas' critica greve "política"
Alejandro Gonçalves, presidente da administração da companhia de transportes públicos, alerta que a empresa em gestão está impossibilitada de negociar
A Administração da empresa Horários do Funchal - Transportes Públicos, S.A. caracteriza a greve de 24 horas convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas e Outros Trabalhadores (SNMOT) para esta quinta-feira, 13 de Março, como uma paralisação mais de cariz político do que sindicalista.
O presidente da companhia de transportes públicos, Alejandro Gonçalves, confessa, em declarações, ao DIÁRIO, que recebeu com surpresa a informação de que a greve convocada para hoje seria mantida, isto porque durante uma reunião mantida ontem com o SNMOT foi clarificada a actual situação do Governo Regional e da Horários do Funchal, que estão em gestão, ou seja, impossibilitados de "atender e negociar as condições que os trabalhadores estão a exigir".
Segundo o responsável pela Horários do Funchal o sindicato está a promover uma "greve política" já que decidiram manter a paralisação mesmo sabendo que "o Governo Regional e a Administração da empresa não poderiam fazer nada".
Na conversa que tivemos, que durou mais de duas horas, ficamos com a ideia de que este sindicato tinha percebido que realmente não poderíamos fazer nada e que o efeito da greve em termos de resultados para os trabalhadores seria nula, mas, para espanto nosso, aquilo que decidiram foi continuar com a greve, terminando esta greve igual que a outra [de 20 de Fevereiro, sem mudanças], sendo uma greve mais política do que de respeito pelos trabalhadores. Alejandro Gonçalves, HF
Quanto ao impacto da greve de hoje, o presidente da companhia de transportes públicos destaca que estão a ser cumpridos a 100% os serviços mínimos estipulados, sendo que estão em operação "35 carreiras", através do serviço prestado por "58 motoristas".
Dos 72 motoristas necessários para garantir o serviço de hoje, "faltaram 14 trabalhadores motoristas, o que significa que a adesão à greve foi de 20%", aponta Alejandro Gonçalves, acrescentado que a adesão foi "nula" por parte dos restantes trabalhadores da Horários do Funchal (mecânicos, administrativos, técnicos superiores, etc).
A paralisação desta quinta-feira é a segunda greve convocada pelo SNMOT este ano, depois de a 20 de Fevereiro ter decorrido a maior manifestação do sector dos transportes públicos da Região Autónoma da Madeira, envolvendo dezenas de profissionais de empresas públicas e privadas do transportes colectivo de passageiros.
Os trabalhadores da Rodoeste e da CAM - Companhia de Autocarros da Madeira estão igualmente em luta, mas, nestes casos, as negociações decorrem com a ACIF-CCIM - Associação Comercial e Industrial do Funchal - Câmara de Comércio e Indústria da Madeira.
O SNMOT exige a redução do horário semanal de trabalho das 39 para as 35 horas e a rectificação das actualizações salariais para 2025, tendo como referência a diferença entre as actualizações já efectuadas para 2025 e a actualização verificada para o Salário Mínimo da Madeira, cuja diferença "se cifra em cerca de 3,5%".