Há mais cartazes nas campanhas eleitorais?
Assim que são marcadas umas eleições e começam a surgir meios de propaganda dos partidos, multiplicam-se os comentários, nas redes sociais, nas páginas online e nas ruas, contra o que muitos consideram ser uma ‘poluição visual’.
São recorrentes as frases “há cada vez mais cartazes”, “isto está cheio de propaganda” ou exigências de proibição da colocação e material e campanha eleitoral.
Também há quem considere que, sem cartazes nas ruas, a maioria das pessoas nem saberiam que há eleições no dia 23 deste mês.
Porque a memória, nas questões políticas, é sempre muito curta, vale a pena recordar como eram as campanhas de outros tempos e comparar o volume de material colocado e distribuído.
Nos anos iniciais da Democracia em Portugal, entre a Revolução dos Cravos de 25 de Abril de 1974 e a década de 80 do século passado, quando praticamente tudo era permitido para a propaganda eleitoral, havia cartazes colados nas paredes, pendões pregados nas árvores e mensagens políticas pintadas por todo o lado. A propriedade privada não estava imune a nada, muito menos a pública.
Os mais velhos ainda se devem recordar do estado em que ficava o muro do Colégio dos Hospício, na Avenida do Infante, todo ‘forrado’ com cartazes.
Pelas ruas eram despejados milhares de papéis com os símbolos dos partidos.
Só muito mais tarde foram aprovadas regras para a colocação de cartazes e proibidas as inscrições nas paredes.
Não foi isso que diminuiu a intensidade das campanhas. No final do século XX e início do século XXI, na Madeira, os investimentos dos partidos eram muito superiores aos actuais.
O PSD chegou a ter um circo a actuar em todos os concelhos e Alberto João Jardim até chegou a montar num elefante.
O maior partido da oposição, o PS, também investia muito e chegou a ter o cantor popular Quim Barreiros durante praticamente toda uma campanha eleitoral.
As ruas ficavam repletas de cartazes, pendões em todos os postes de iluminação e o impacto visual era enorme.
Numa simples pesquisa no arquivo fotográfico do DIÁRIO é fácil concluir que, tendo por base apenas as últimas décadas, que tem havido uma redução muito significativa no material de propaganda dos partidos.
No Funchal, é possível comparar o que aconteceu em campanhas anteriores com estas eleições.
Estas ‘regionais’ são das que menos cartazes ‘produziram’, um sinal de que as finanças dos partidos não aguentam tantas eleições seguidas.