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Jovem húngara inspirou-se na Madeira para exposição de belas artes

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"Imagine uma janela que, uma vez aberta, instantaneamente o leva de volta a um lugar de serenidade". É assim que começa o texto de apresentação da exposição individual de Alma Vetlényi, jovem húngara que após uma estadia na Madeira inspirou-se para se 'curar' numa exposição que se realizou em Budapeste, capital da Hungria, inspirada pela Ilha da Madeira.

"Alma, por coincidência, significa Maçã em húngaro, Maçã", sendo a exposição intitulada "Turn The Page" (virar a página, em português), pois "tudo começou após uma situação difícil da sua vida. Após um acontecimento traumático, Alma decidiu plantar uma macieira à beira do rio Danúbio como resposta instantânea ao seu sofrimento. Visitou e regou a árvore por duas vezes e decidiu nunca mais voltar, pois cada dia era um reacender de uma memória por esquecer. (Por isso na sua pintura à Macieira já tem frutos)", conta o autor do texto que apresenta esta obra inspirada.

Segundo conta Diogo Silva, "foi então que Alma decidiu ir para a Ilha da Madeira. Aproveitou que os amigos dos pais compraram uma casa para reconstrução no Funchal e ficou lá. Durante 2 semanas, sem electricidade e com a necessidade de ir a outra casa tomar banho, Alma reencontrou-se e redescobriu-se durante esta experiência. Decorou a parede de trás da sua cama como um gesto de amor próprio". 

A Ponta do Garajau "foi um dos seus lugares favoritos, onde se perdia e ao mesmo tempo que se acalmava no horizonte do oceano. Ouvir as ondas do mar ajudou-a a acalmar e relaxar, sendo a parte didática da sua exibição com os phones ouvirmos as ondas do mar onde iam passando várias fotos suas dos lugares onde passou na Ilha". 

E continua: "Voltou um ano depois à ilha, já com outros olhos e renascida, começou a observar pequenos detalhes de si e da Ilha que antes nunca tinha dado conta. Deixou como memória na Ponta do Garajau um ramo de pétalas que recolheu, as mesmas pétalas que outrora tinham sido sua companhia nas noites escuras e sombrias.  Hoje em dia a casa onde ficou inicialmente está renovada assim como sua vida."

Na apresentação da exposição que está patente na Liget Gallery desde 13 de Fevereiro até 11 de Abril, salienta-se que "embarcamos numa jornada cuja primeira grande realização é que esse lugar existe principalmente dentro de nós. Madeira significa 'madeira', mas também se refere ao bordado a céu aberto. O poder único de uma ilha está na solidão que ela oferece — afastando-se um passo do cotidiano enquanto cria espaço para cura e autocompaixão".

Alma Vetlényi "aborda novos caminhos enquanto se permite estar totalmente presente no momento. Um elemento-chave do seu trabalho é a conexão com a natureza, que por sua vez promove uma sensação de libertação. Reconstruir a vida é um processo doloroso e, acima de tudo, longo — muito parecido com plantar e cuidar de uma árvore — mas podemos ser gratos a nós mesmos se nos comprometermos com isso".

Com esta "sua primeira exposição individual de belas artes, Alma não apenas se conecta com sua própria história, mas também abre um novo capítulo interno. Ela entra no espaço com coragem, voltando-se para o tema do amor-próprio. Há algo profundamente afirmativo em entrar em uma sala cheia de memórias e sonhos, apresentados por meio da narrativa da documentação da natureza", dando expressão a esta inspiração com fotografia analógica, pinturas a óleo, textos escritos e uma instalação espacial interativa para criar um espaço para acerto de contas com memórias inquietantes, redefinindo limites pessoais e expressando gestos ousados ​​de autoconfiança e autocuidado. Um dossel têxtil pintado à mão abraça uma cama, oferecendo um espaço de paz, solidão e autorreflexão".

É verdade, a exposição não acontece na Madeira, mas tem tudo a haver com a Madeira.

Alma Vetlényi é uma artista visual, designer de moda e designer têxtil, formada no programa de Design Téxtil na Universidade de Arte e Design Moholy-Nagy, em 2018. Criou a sua marca sustentável ALMA, tendo uma forte presença na Hungria e internacionalmente. Honestidade natural, uma conexão profunda com raízes pessoais e um foco em histórias humanas são centrais para sua prática de design e belas artes. Além disso, as suas origens maternais e paternais são artísticas, pelo que tem a arte entranhada na pele desde que nasceu.

FICHA TÉCNICA

Curadoria de: Veronika Molnár

Assistente de curadoria: Ágnes Keszegh

Design gráfico: Veroni Bátfai

Foto de: Cedric Af Geijersstam

Equipa da galeria: Lenke Barabási, Fruzsina Szabó