O espantalho da via rápida
Há algumas semanas vinha eu descansada para casa após um dia de trabalho quando o sinal luminoso da via rápida indica ‘obras na via’. Nada de especial, tudo ordinário, consegui até me esquecer do que li e continuei o meu caminho. Poucos kms após dou com o desvio das ditas obras e senti a minha alma a abandonar o corpo por uns milésimos de segundo… ao longe vi a forma do trabalhador que costuma estar com um bastonete laranja a indicar mudança de via, mas o homem estava estranhamente magro, tudo bem, mas era mesmo magro, pele e osso, quase de seguida, reparo que o dito não tem cabeça e sinto uma onda de calor a me percorrer o corpo.
“Nossa Senhora!!!!” Exclamei, para então concluir que os senhores responsáveis pelas obras não tinham deitado mão da robótica, substituindo os humanos, muito menos usado inteligência artificial, usaram sim, a mui digna inteligência orgânica e humana, vestiram uns tubos ou umas madeiras com o fato de obra, fizeram-lhe um braço e amarraram o indicador laranja, dispensado um ser Humano de estar o dia todo a criar tendinites no antebraço. Brilhante, ainda há esperança na Humanidade e na inteligência orgânica! Nasceu o espantalho operário, de tábua e roupa e sem cabeça.
Alvíssaras a quem ainda usa a inteligência orgânica, seja muita ou pouca.
Pouca inteligência artificial ou orgânica parece ter a sociedade madeirense, especificamente alguma política. Está aberta uma nova “silly season” com unhas e dentes a agarrar a esperança, outros a trabalhar em listas e números e telefones e egos. Vira o disco e toca o mesmo.
No fim de semana passado fui a Lisboa e levei a filha de uma amiga que me convidou para madrinha, não me coube um grão de chia. Mas, mais do que isso, “brinquei” às mães de meninas, já que sou a única mulher em casa e foi tão bom!
Entre espantalhos, “silly season” e brincar às mães, o certo é que vem aí uma fase complicada. Que transformemos cada insulto e cada ataque numa proposta, dizemos nós, o CDS. Que saibamos nos respeitar uns aos outros.