Um pequeno “napoleãozinho”
Com a Primavera chegará também mais um ato eleitoral para que todos os madeirenses se pronunciem sobre o que pretendem para o futuro da Madeira. Sem prejuízo de esta consulta se ter tornado frequente desde setembro de 2023, mostra-se sempre oportuno refletir sobre o horizonte governativo da Região, sabendo de antemão que este durará pelo menos mais tempo do que os dois últimos ciclos.
Dedicaremos este espaço à análise de uma proposta política que se diz preparada para governar. Liderada por um antigo “apartidário” que considera que todos os advogados da Madeira estão feitos com o PSD e com o Governo Regional. Como motivo justificativo para a contratação, a peso de ouro, de advogados continentais para defender as causas do Município que lideram, este cavalheiro refere ter quadros preparados para liderar a alternativa política da Madeira. Ninguém os conhece, muito menos os viu, mas isso faz parte da estratégia: não se pode revelar quem são para não se permitir uma pretensa perseguição. De facto, podemos dizer que estes quadros se revelarão, no mínimo, assintomáticos no que concerne à coragem e bravura necessárias para liderar a Madeira.
Nas propostas políticas querem tudo, a todo o tempo, a expensas do Governo Regional. Querem acabar com o “monopólio da GESBA” no setor da banana, mas garantem que com eles o Governo continuará a adiantar-se aos fundos europeus, mesmo sem que tenha qualquer controlo sobre o produto entregue, o seu escoamento e certificação. Mas não se ficam por aí. Também prometem - qual Napoleão que fugiu de Santa Helena rumo à reconquista de Paris - uma autoestrada para o continente via ferry. Mesmo que ninguém utilize, que o subsídio à cabeça ascenda a milhares de euros como no passado, o importante é ter. E, embora responsabilidade da República, devia ser o Governo Regional a pagar. Ainda que essa promessa esteja em banho-maria por, entretanto, o governo de Luís Montenegro ter assumido a responsabilidade de tratar do concurso público internacional.
Na saúde haverá soluções para todos os males. Acabarão as listas de espera e os profissionais aparecerão, em catadupa, para preencher as escalas, os serviços e responder do dia para a noite a todas as solicitações que se possam desejar.
Talvez esteja a ser maldoso, mas o intuito deste texto é simples: a megalomania de quem tudo promete, esbarra sempre na realidade. Nos diversos momentos, Napoleão caiu porque a realidade dos factos impediu o sucesso das suas missões militares. O império de outrora deu lugar à fome nas ruas.
Que os cidadãos responsáveis estejam atentos e não permitam, independentemente das circunstâncias de cada partido e das suas preferências, que se verifique o óbvio: a ascensão de um pequeno “Napoleãozinho” que não vê para além da demagogia dos dias e dos seus ódios pessoais. Perde a Madeira, perdemos todos.