O voto é a arma da democracia
É através de uma simples cruzinha, no local certo, no recanto escondido de uma mesa de voto, que podemos fazer a história das nossas vidas dar certo.
Na minha vida tenho dois exemplos de duas pessoas que foram, até hoje, as mais importantes. Em 1992 quando se realizaram, em outubro, as eleições Regionais, o meu pai estava internado no Hospital dos Marmeleiros, diagnosticado com um cancro terminal nos pulmões. Morreu nesse ano a 2 de dezembro. Foi votar mesmo de pijama, numa ambulância, e quando o questionei o porque dessa atitude ele respondeu-me: “Filha estive a pensar e decidi que o meu voto podia contar para vocês elegerem mais um deputado e não morreria em paz se por falta do meu voto isso não tivesse acontecido”. Nessas eleições a UDP elegeu um grupo Parlamentar, apenas com os votos do círculo eleitoral do Funchal. Foi a última vez que o meu Pai votou.
Em setembro de 2013 o meu marido estava internado na Unidade de AVC no Hospital Dr. Nélio Mendonça numa situação bastante frágil e ainda em cuidados especiais. No entanto, exigiu que o hospital lhe desse as condições para o transportar até a mesa de voto porque queria que o seu voto contasse para que no Funchal houvesse a Mudança, que ele toda a vida ambicionou. Eu acompanhei-o na Ambulância que o levou de cadeira de rodas, mas na mesa de voto ele quis ficar só, porque a sua cabeça e o seu braço direito funcionavam bem e ele sentiu-se um cidadão de corpo inteiro ao exercer o seu direito de votar. E a Mudança aconteceu, para sua grande alegria. Foi a última vez que o Paulo votou.
Tenho falado várias vezes nestes dois exemplos para exemplificar como o nosso direito ao voto é fundamental para decidirmos para onde vai a correlação de forças saídas de cada ato eleitoral. Nós é que somos responsáveis pelos resultados das eleições e se existem tantas contestações foi porque a maioria de quem votou quis assim. Não vale a pena se no dia seguinte, dizem estar arrependidos/as. Têm que pensar antes de votar o que querem para as suas vidas. Que parlamento é que é melhor para representarem os seus interesses e aspirações, sabendo com certeza em que quadrado vão colocar a cruzinha.
Quando vamos votar, vamos eleger Deputados/as e o partido que tiver mais representantes, forma governo, sozinho, ou em coligação, dependendo do número de Deputados/as que consiga para ter uma maioria, que no nosso caso são 26. Os restantes eleitos organizam-se em grupos ou representações parlamentares e são os porta vozes de quem neles votou e passam a ser a oposição Parlamentar, que é tão importante como o governo, para que haja debate, apresentação de propostas legislativas e para que todos os votantes tenham a sua presença na casa da democracia. É por isso que se diz que é tão importante ser governo como ser oposição.
Para votar com consciência façam por acompanhar pelo menos os tempos de antena nas rádios e RTP Madeira. Ouçam os debates e formem a sua opinião própria sobre cada um dos partidos e votem naquele que mais se identificam. É claro que já existem pessoas, como eu, que já têm a sua opção porque se identificam com um partido que para si é o melhor pelas ideiam que defendem e pelos candidatos/as que apresentam. Sobretudo por serem pessoas que sempre estiveram ao lado das reivindicações mais importantes para que a nossa região seja mais justa. Pessoas que têm feito muita falta dentro do Parlamento. Ter Deputados/as da oposição de esquerda é o meu maior objetivo nestas eleições.
Claro que o maior dos objetivos é que a maioria dos 26 sejam para Mudar a Madeira e este estado de coisas que está a precisar de uma mudança urgente. Sejamos inteligentes nas nossas escolhas e não é difícil conseguirmos que o próximo Parlamento dure uma legislatura inteira. Quanto maior for a maioria com um programa forte e que responda aos verdadeiros interesses do povo, melhor será o nosso bem estar. Precisamos apostar em ter gente séria e honesta que não nos envergonhe porque, como madeirenses orgulhosos da nossa terra, merecemos.