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Novamente, chamados a escolher. E agora?

Somente quem não se revê neste pântano político e procura uma alternativa ao estado atual das coisas, precisa escolher e com sabedoria

A 23 de março, lá vamos nós escolher novamente quem queremos a governar a nossa Madeira. Após as investigações, processos e atribulações políticas ocorridas no último ano não há muito a dizer. Quem quer manter o estado atual das coisas, vai querer mantê-las. E aí, nada a dizer ou fazer. Somente quem não se revê neste pântano político e procura uma alternativa ao estado atual das coisas, precisa escolher e com sabedoria.

As sondagens para as eleições de 23 de março, apontam uma grande probabilidade do PSD ganhar, ainda que sem maioria e, novamente, com menos votos. Tudo aponta para uma nova redistribuição de deputados no Parlamento Regional, não muito diferente da atual (PSD-Madeira + Chega + CDS-PP). E, à semelhança do que ocorreu no passado, vai ser necessário acordos parlamentares para constituir Governo. A questão está em quem terá condições de garantir uma maioria parlamentar que permita a governabilidade da nossa Região.

Estas eleições, como foram as anteriores, são demasiado importantes para se oferecer o voto a quem não estará em condições para eleger sequer um deputado. Oferecer o nosso voto por questões de amizade, ou relações familiares, ou simplesmente brincar aos partidos para ver o que dá, vai custar-nos muito caro.

Sendo verdade que a grande maioria dos votantes não votam nesta solução governativa já há alguns anos, verdade também é que votar em partidos pequenos é desperdiçar votos. Esta é uma verdade inconveniente. Quer gostem, ou não, é o método de Hondt a funcionar. As 2 últimas eleições regionais já tornaram evidente que a dispersão de votos daqueles que não se revêm neste governo, favorece o partido que se mantém no poder. Repito mais uma vez, votar em partidos pequenos, que não conseguem eleger um deputado, são votos desperdiçados.

Ainda por cima continuam a aparecer novos partidos como se a solução fosse um novo partido. E mais dispersos ficam os votos. E mais difícil se torna uma alternância governativa. Neste pântano político, só é possível uma alternância governativa se surgir na oposição alguém que demonstre competências para uma melhor governação.

Também todos já sabemos para quê serve o voto no Chega, CDS-PP e PAN. Somente para se venderem ao partido que estiver no governo e as suas promessas são apenas engodo para facilmente serem esquecidas após as eleições. Vou chamar a isto de política de mercearia – Quem dá mais? Quem dá mais?

Creio que a todos já satura joguinhos por debaixo da mesa. Usam o voto para se pavonear com um poder que lhes foi dado pelo voto sem respeitar com o que se comprometeram e comprometeram. Vejam, por exemplo, a posição do PAN sobre o teleférico no Curral das Freiras e a estrada das Ginjas e o silêncio a que se remeteram após acordo com Governo PSD. Depois das eleições, palavras levam-nas ao vento.

Na política também não pode haver dois pesos e duas medidas. Se criticamos o deputado do Chega que está a ser investigado por alegadamente ter roubado malas e vendido o seu conteúdo na internet e de ter alegadamente usado os serviços da Assembleia da República para envio do conteúdo dessas malas, ou do outro que está a ser acusado de pedofilia e assédio sexual a menor, já não criticamos os suspeitos de má governação regional? Porquê? Não serão estas ações igualmente censuráveis para um político?

Pena que a justiça portuguesa seja lenta. Ainda assim, esta semana saíram várias notícias sobre consequências das investigações do Ministério Público aos nossos governantes e associados. Lá se foi a estratégia de que “afinal está tudo bem” e que nada aconteceu, nem acontecerá a quem foi alvo de investigação. Estas notícias deveriam fazer-nos pensar. Nos próximos tempos provavelmente voltaremos a ter mais notícias. E aí já ninguém se livra da acusação que os madeirenses são coniventes com esta situação.

Outra leitura importante das sondagens realizadas para estas eleições é que a JPP poderá tornar-se a 2.ª maior força política na Região. Se estará em condições de realizar acordos parlamentares para poder governar dependerá do que os madeirenses e portossantenses irão decidir a 23 de março. Sendo certo que se as pessoas optarem por dispersar os seus votos em partidos pequenos, não haverá lugar à alternância e tudo se manterá igual.

A credibilidade da Madeira está em causa e quero ver quando forem negociar com a banca, ou com fornecedores na área da saúde, se acham que estão com a credibilidade necessária para governarem, ou se os putativos candidatos têm o carácter necessário para nos representarem.

Pense bem. Vote, mas não desperdice o seu voto.