Tropas russas avançam em todas as frentes e inimigo recua
O Presidente russo, Vladimir Putin, assegurou hoje que as tropas da Rússia avançam em todas as frentes na Ucrânia na intervenção inicial da conferência de imprensa para fazer o balanço de 2025.
"As nossas tropas avançam em toda a linha de contacto (...), o inimigo recua em todas as direções", declarou Putin, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
"Estou certo de que, antes do final deste ano, assistiremos ainda a novos sucessos", referiu.
Putin disse também ter recebido "certos sinais" de que a Ucrânia pretendia dialogar com a Rússia para pôr fim à guerra, embora ainda não esteja disposta a encerrar a questão territorial.
"Vemos, sentimos e sabemos de certos sinais, inclusive por parte de Kiev, de que estão dispostos a entabular algum tipo de diálogo", afirmou, segundo a agência noticiosa espanhola EFE.
Putin reafirmou que a Rússia estava disposta a "terminar o conflito por via pacífica" com base nos princípios que expôs em junho de 2024, "caso sejam eliminadas as causas originais que provocaram o conflito".
As reivindicações territoriais de Moscovo no leste da Ucrânia são uma das condições recusadas pelas autoridades de Kiev para um acordo de paz.
Putin disse que Kiev ainda não está preparada para abordar a questão territorial, o principal obstáculo nas negociações de paz.
Referiu que o mais importante dos princípios é a retirada das tropas inimigas das quatro regiões ucranianas anexadas pela Rússia em 2022.
A Rússia sustenta que, em 2025, tomou mais de 6.300 quilómetros quadrados de território ucraniano, embora fontes independentes estimem essa superfície em menos de 5.000 quilómetros quadrados, correspondente a menos de 1% do território do país vizinho.
No total, Moscovo afirma ter conquistado quase 94.000 quilómetros quadrados na Ucrânia desde fevereiro de 2022, uma superfície semelhante à da Hungria, aproximadamente um quinto do país, segundo a EFE.
A conferência de imprensa anual, transmitida em direto, é combinada com um programa de perguntas e respostas de cidadãos de todo o país, oferecendo aos russos a oportunidade de questionarem Putin, que lidera a Rússia há 25 anos.
Putin, 73 anos, tem utilizado o evento para consolidar o poder e expor a sua visão sobre assuntos internos e globais.
O líder russo é experiente neste exercício mediático que dura geralmente várias horas.
Na sala lotada em Moscovo, a AFP constatou a presença de jornalistas de todas as regiões da Rússia, alguns com trajes e toucados tradicionais, além de meios de comunicação estrangeiros.
Putin aproveita o evento para se pronunciar sobre um vasto espetro de temas, que vão desde a geopolítica e a economia até às preocupações concretas da população e problemas locais.
Tal como em anos anteriores, havia uma grande expectativa sobre a ofensiva russa na Ucrânia, mas também sobre as relações de Putin com o Presidente norte-americano, Donald Trump, ou ainda sobre o agravamento de tensões com os europeus.
Na quarta-feira, Putin reiterou que os objetivos da Rússia na Ucrânia serão "sem dúvida atingidos", seja pela via diplomática ou por meios militares.
Manteve também um tom muito duro para com os líderes europeus, aos quais chamou "leitõezinhos" que ambicionam provocar o colapso da Rússia.