Israel continua a destruir Gaza apesar do cessar-fogo
A organização não governamental (ONG) israelita B'Tselem denunciou hoje que as Forças da Defesa de Israel (IDF, na sigla inglesa) continuam a destruir as zonas da Faixa de Gaza que controla, apesar do cessar-fogo acordado em outubro.
"A destruição de bairros e até cidades inteiras não foi uma consequência dos combates, mas uma política deliberada", lê-se num relatório daquela ONG sobre os mais de dois anos de ofensiva militar, após o atentado terrorista do grupo islamista palestiniano de 07 de outubro de 2023.
Para a B'Tselem, Israel tem vindo a demolir sistematicamente edifícios e infraestruturas essenciais, como estradas, estações de eletricidade ou de água com a intenção de fazer com que os palestinianos fiquem sem um lugar ao qual possam regressar, criando uma crise de deslocados que considera ser a "chave" para "destruir a sociedade palestiniana na Faixa".
"Os refugiados foram despojados da sua humanidade e das suas posses e propriedades, deslocados de um lado para outro, obrigados a viver durante muitos meses em acampamentos sobrelotados, carentes de infraestruturas básicas, em condições de privação extrema, expostos a bombardeamentos e disparos israelitas, sem qualquer tipo de proteção", continua o texto, que refere 1,8 milhões de pessoas naquela situação.
Desde o cessar-fogo, patrocinado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, e mediado também por Egito, Qatar, Turquia e Arábia Saudita, as IDF controlam 54% do território da Faixa de Gaza, após reposicionamento atrás de uma "linha amarela", da qual continuam a abater palestinianos por, alegadamente, a cruzarem ou se aproximarem de forma "suspeita" dos soldados israelitas.
"O acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas de 10 de outubro de 2025 não teve qualquer mudança significativa na conduta de Israel", lê-se ainda no texto que pede à comunidade internacional para "atuar de imediato e com determinação para garantir que quem toma decisões em Israel preste contas".
A B'Tselem frisa que as forças israelitas continuam sem abrir vias de comunicação pelas quais devia entrar a ajuda humanitária para Gaza, interrompem ou atrasam esses carregamentos e impõe restrições draconianas às organizações não governamentais de apoio e defesa dos Direitos Humanos, tal como aos jornalistas que querem entrar no enclave.