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Crónicas

Presidenciáveis para todos os gostos

Estão aí à porta as eleições presidenciais mais animadas dos últimos largos anos. E temos candidatos para todos os gostos. De facto, desta vez, embora haja sempre quem nunca esteja satisfeito com o que quer que seja, não nos podemos queixar da falta de opções ou de um leque pouco diversificado de candidatos. Uns que se incluem no grupo a que costumamos apelidar de “sistema”, outros fora dele. Os que têm ligações a partidos, os que não têm, e quem mesmo tendo esse percurso e afinidade paute a sua história recente por uma relação conturbada e anacrónica com as cores que sempre defendeu. Esta idiossincrasia e o pluralismo que nos é apresentado significam uma oportunidade única para se discutirem ideias e conceitos e para percebermos até (numa fase em que a dinâmica política e os quadrantes vão sofrendo uma evolução que nos separa da velha e antiquada “esquerda/direita”), em que estágio nos situamos e que futuro preconizamos para o nosso país. As sondagens mostram que tudo parece estar em aberto para a segunda volta e por muito que as mesmas sejam um objeto de estudo cada vez menos fiável, a ver pelas vezes que se enganam através de amostras claramente contaminadas, o que é facto é que sentimos nas ruas, nas conversas de café e nos grupos de amigos que este ano o Natal vai ser animado entre filhoses e discussões acaloradas.

Esta semana, numa breve visita ao centro comercial El Corte Inglês em Lisboa, uma coleção chamou-me particular atenção. Na marca americana Levi´s, tshirts e sweats, apresentavam a frase “i love Lisboa” no papel principal. Para além de achar que esta é uma excelente jogada de marketing porque está mais do que estudado que marcas que se preocupam e se aproximam do meio onde estamos inseridos através da personalização de produtos têm mais sucesso, fez-me pensar no que sentimos pelas nossas cidades, pelo nosso país e de que forma o expomos nas nossas reflexões e nas opiniões comuns que partilhamos no dia a dia. Existe de forma muito disseminada na sociedade, a ideia de que o sítio onde vivemos tem mais aspetos negativos do que positivos. Aquilo que nos perturba ou de que não concordamos afeta-nos mais do que aquilo que está bem. De uma forma natural o que é bom, o que nos permite ter uma vida confortável, segura e tranquila, surge de forma leve e como não nos incomoda não nos chama tanto a atenção. É por isso que nos focamos mais em criticar tudo e mais um par de botas, por isso e pela nossa tendência culturalmente fatalista que nos puxa para o dramatismo e para a falta de reconhecimento do que nos faz bem e nos faz entender que este seja um óptimo sítio para viver por comparação com outros.

Essa certeza de que Portugal é fantástico e diverso deve trazer-nos também uma responsabilidade acrescida nas tomadas de decisão, dentro de uma participação ativa do que pode e deve ser uma escolha que nos compete a todos tomar. Voltando às eleições, estas prometem ser disputadas e decididas voto a voto, onde todos parecem contar e todos têm uma ação decisiva para o futuro, nosso e das gerações que nos seguem. O caminho será o de escolher um político/comentador como Marques Mendes muito no trilho do que apresentou Marcelo Rebelo de Sousa ou antes um Seguro apaziguador, sensato e que personaliza um pouco a esquerda que a direita gosta? Será tempo de regressarmos à escolha de um militar como Gouveia e Melo que nos traz rigor e ordem, que mesmo sem grandes ideias e capacidade de comunicação tem o atrativo de não estar ligado a nenhum partido ou um André Ventura que parece dizer sempre aquilo que as pessoas querem ouvir? Ou será que alguém que aparenta trazer um discurso realmente transformador e apontado para o futuro do país como Cotrim de Figueiredo conseguirá fazer uma surpresa mesmo contando com uma base de apoio partidário mais curta? Compete a cada um de nós avaliar e tomar decisões para que este país mesmo cheio de problemas continue a “saber a casa” e possamos usar com orgulho uma tshirt com a frase “i love Portugal”.

Frases soltas:

Cristiano Ronaldo foi recebido na Casa Branca pelo presidente Trump e logo as habituais vozes do cancelamento vieram a terreiro insurgir-se contra o capitão da selecção portuguesa. Desde “fascista” a “condescendente com violadores e assassinos” ao “só serves para dar pontapés numa bola” tudo serviu para o atacar. São os do costume que tudo usam para fazer valer a sua própria agenda que querem impor à sociedade. Felizmente que ele faz o que quer e o que bem lhe apetece e não está nem aí para o tema.

Por falar nos que querem impor a sua agenda perante a sociedade, passou recentemente na RTP2, às 14h, uns desenhos animados para os mais novos onde uma rapariga trans surge com um pénis e diz que os pêlos não lhe vão crescer porque toma hormonas. Que não é uma mulher por fora e um homem por dentro ou vice-versa. Didático e elucidativo…