Presidente do Bundesbank diz que Europa tem de aumentar gastos com Defesa
O presidente do Bundesbank, Joachim Nagel, afirmou hoje que "a Europa é obrigada a aumentar significativamente a sua despesa com a defesa" devido ao que considerou ser uma crescente pressão sobre a segurança europeia.
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, considerou também que o aumento da despesa com defesa e infraestruturas, sobretudo na Alemanha, terá um "efeito mensurável no crescimento" da Europa, durante o 35.º Congresso Bancário Europeu, que decorre na cidade alemã de Frankfurt.
Sobre o mesmo tema, o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, disse em Bilbau que o aumento da despesa com a defesa é "essencial" e "um objetivo incontornável" para a Europa, mas que esse gasto deve ser compatível com "a manutenção da estabilidade orçamental a médio prazo".
Em Frankfurt, o presidente do banco central alemão declarou que o comércio externo não contribuirá tanto para o crescimento europeu como nas últimas décadas.
Lagarde expressou a mesma ideia, afirmando que as exportações, nas quais assentava o crescimento europeu, já não são o motor da economia devido às tensões geopolíticas, às tensões comerciais com os Estados Unidos (EUA) e com a China e ao aumento da competitividade global.
"Os choques globais intensificaram-se", segundo disse, e "o crescimento na zona euro tornou-se mais desigual".
Bruxelas prevê um crescimento de 1,3% este ano e de 1,2% em 2026, uma previsão reduzida em 0,2 pontos percentuais na segunda-feira devido às incertezas comerciais.
Nas duas décadas anteriores à pandemia, o comércio externo em percentagem do Produto Interno Bruto (PIB) duplicou na União Europeia (UE), enquanto nos EUA praticamente não se alterou. Na UE aumentou de 26% para 43% e nos EUA apenas de 23% para 26%.
No mesmo período, o número de empregos sustentados pelas exportações da UE para países terceiros cresceu 75%, para quase 40 milhões.
As projeções do BCE indicavam um crescimento de 8% nas exportações até meados de 2025, mas esse valor não se confirmou.
"Isto foi sentido com mais intensidade em países com grandes setores transformadores, que enfrentaram um declínio prolongado na produção industrial", disse Christine Lagarde.
No entanto, a presidente do BCE acredita que a Europa pode compensar o efeito negativo das tarifas americanas no crescimento económico se reduzir as barreiras dentro da própria UE.
Esta redução interna aumentaria o comércio dentro da UE em aproximadamente 3%, compensando a redução de 0,7 pontos percentuais no crescimento do PIB entre 2025 e 2027 provocada pelas tarifas americanas e pela incerteza associada, de acordo com os cálculos do BCE.
"Se tornarmos o nosso mercado único verdadeiramente único e verdadeiramente simples, o crescimento europeu já não dependerá das decisões dos outros, mas das nossas próprias escolhas", explicou.
"Esta já era a minha mensagem há seis anos. É ainda mais urgente hoje", disse, avisando que "mais seis anos de crescimento perdido, de produtividade perdida, não seriam apenas dececionantes. Seriam irresponsáveis para com as gerações futuras".