Quando a política trava a segurança nas estradas
Todos os dias a nossa vida está em perigo nas estradas da Região, mas esse risco pode e deve ser diminuído. Ainda esta semana ficamos chocados e assustados com o acidente na Via Rápida, em que um contentor transportado por um camião, soltou-se, atravessou para a faixa contrária e, só por milagre, não causou nenhuma vítima. Nada disto pode ser normal ou encarado como um mero acidente. Se nada fizermos mais casos como este ou o do Diamantino, o jovem que perdeu as duas pernas num acidente de mota no fim de agosto, perto do Porto Novo, vão continuar a acontecer. Olhamos para o Diamantino e vemos um exemplo de força e superação, face ao seu infortúnio, mas a sua vida podia ter acabado ali. Este é um caso que deve alertar-nos para a responsabilidade que todos temos nestas matérias de segurança rodoviária.
Não há quem não conheça alguém que tenha sofrido um acidente de viação grave. Um amigo, um vizinho, um familiar. Muitos destes acidentes são histórias de vidas que ficaram interrompidas. E, quando olhamos para as estatísticas da sinistralidade rodoviária na Madeira, percebemos que não são apenas números: são vidas perdidas, famílias destruídas, sonhos desfeitos.
É precisamente por isso, que não podemos continuar a tratar a segurança rodoviária como um assunto de segunda ordem. A cada dia que passa sem medidas concretas, o risco mantém-se, e a possibilidade de mais tragédias aumenta. O Partido Socialista tem dado prioridade política ao tema da segurança rodoviária. Os números da sinistralidade rodoviária têm, infelizmente, dado razão às nossas preocupações. Este ano temos já 11 vítimas mortais nas estradas madeirenses, igualando quase o número total do ano passado, quando ainda faltam mais de três meses para o final do ano. Essas vítimas foram resultado de seis despistes, quatro colisões e uma queda de pedras.
Mais do que alertar para esta urgência, temos apresentado propostas que possam fazer a diferença e salvar vidas. Infelizmente o PSD voltou a mostrar que põe a politiquice acima do interesse da Madeira. Chumbou propostas do PS que visavam dar mais segurança e qualidade de vida às pessoas, apenas para alimentar um jogo partidário. Esta atitude revela um preocupante síndrome de autoritarismo: preferem impor a sua vontade a construir soluções em conjunto. Quando se escolhe o poder pelo poder, quem perde são sempre os madeirenses.
Recorde-se que o PS propôs a implementação urgente de uma Estratégia Regional de Prevenção Rodoviária, rejeitada pela maioria PSD/CDS. O nosso projeto de Estratégia Regional de Prevenção Rodoviária defendia a colaboração com a Universidade da Madeira na produção de relatórios técnico-científicos, a elaboração de planos de ação bienais, o reforço da fiscalização e aplicação da lei, a melhoria das infra-estruturas rodoviárias, a proteção dos utentes vulneráveis, como peões e ciclistas, bem como a promoção de campanhas de sensibilização para comportamentos responsáveis na estrada. A Estratégia proposta procurava implementar na Região os objetivos da “Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária 2021–2030 – Visão Zero 2030” e da política europeia de segurança rodoviária, que têm como meta a redução para metade das mortes e feridos graves até 2030 e a sua eliminação total até 2050.
Apesar da rejeição por parte da maioria, não desistimos deste tema e efetuamos um pedido de audição parlamentar a diversas entidades, tendo em vista obter esclarecimentos técnicos e institucionais que permitissem identificar falhas e propor soluções eficazes para travar o aumento da sinistralidade rodoviária na Região. Curiosamente, e infelizmente, esta audição foi também chumbada no preciso momento em que ocorria mais um grave acidente: uma rapariga com 19 anos foi projectada para dentro da Ribeira João Gomes, depois de acidente entre uma mota e um carro, junto do Anadia.
A segurança rodoviária é uma questão de cidadania, de responsabilidade e de justiça. O PS Madeira não deixará cair este tema no esquecimento. Porque cada acidente evitado é uma vida salva. Porque cada intervenção feita a tempo é uma família que não entra em luto. É hora de agir. Pela vida de todos nós.