Instabilidade, diz ele…
O Sr. António Pinto, qual fiel arauto do regime, veio clamar contra a minha pessoa, culpando-me por uma alegada “instabilidade” na Madeira, como Deputado da IL, como se o caos político e administrativo que reina na Região fosse uma novidade, um fenómeno recente, causado por meros votos parlamentares. Convenhamos: não fosse tão desonesto, seria ridículo.
Instabilidade? Vamos, Sr. Pinto, olhe à sua volta. A instabilidade tem nome e rosto: Miguel Albuquerque, o governo que lidera e a corte de arguidos e incompetentes que o rodeia. Um governo que, há anos, arrasta a Madeira por um pântano de clientelismo, promessas incumpridas e uma gestão orçamental digna de um mercado de província. É este o grande bastião de estabilidade que o Sr. Pinto defende? Tenha dó.
Chumbar um orçamento, um orçamento que perpetua erros, alimenta ineficiências e ignora as reais necessidades dos madeirenses, é um acto de coragem política, não de irresponsabilidade. Votar a favor de uma Moção de Censura contra um governo que já não governa, mas que apenas sobrevive na sombra do escândalo, é um dever democrático, não um capricho partidário.
Mas não sejamos ingénuos. O que verdadeiramente incomoda António Pinto não é a estabilidade ou a falta dela. É a ruptura. É o facto de nos recusarmos a ser mais um peão no jogo sujo da política regional, onde se troca apoio por silêncio, conivência por migalhas de poder. É esta rejeição frontal da complacência que o perturba, porque ameaça o frágil equilíbrio de um sistema que há muito perdeu a legitimidade.
Estabilidade não é perpetuar o estado das coisas. Estabilidade é a construção de um sistema que funcione, que seja transparente, que sirva os cidadãos e não as elites instaladas. Para isso, é preciso derrubar o que está podre, mesmo que isso cause, temporariamente, algum desconforto aos defensores do status quo.
Sr. António Pinto, com todo o respeito, guarde as suas lições sobre estabilidade para outro destinatário. A Madeira não precisa de estabilidade no declínio, precisa de mudança. E se essa mudança provoca calafrios em quem vive à sombra do regime, tanto melhor.
Saudações liberais.
Nuno Morna