Finlândia acusa Rússia de minar ordem europeia e promete manter OSCE viva
A ministra dos Negócios Estrangeiros finlandesa, Elina Valtonen, que este ano preside a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), acusou hoje a Rússia de minar a ordem de segurança europeia com a invasão da Ucrânia.
Ao discursar na apresentação das prioridades da presidência finlandesa da OSCE, em Viena, Valtonen prometeu manter vivos os princípios da organização, cujas origens estão no diálogo entre o Ocidente e o Oriente durante a Guerra Fria.
"A guerra [na Ucrânia] minou a ordem de segurança europeia. A Rússia viola todos os 'Princípios de Helsínquia', a inviolabilidade das fronteiras, a integridade territorial, a resolução pacífica dos conflitos e outros valores fundamentais", disse, referindo-se ao que foi acordado na capital finlandesa em 1975.
"A Rússia viola os princípios e os compromissos que ela própria negociou e subscreveu. O apoio à integridade territorial, soberania e independência da Ucrânia está no centro do trabalho da OSCE e da nossa presidência. A nossa tarefa é garantir que os nossos princípios partilhados não sejam meras memórias do passado, mas que continuem vivos e nos guiem nestes tempos difíceis", afirmou Valtonen.
Numa conferência de imprensa que se seguiu à sua apresentação oficial ao Conselho Permanente da OSCE, Valtonen sublinhou que a organização "está pronta a ajudar a Ucrânia nas conversações de paz", embora reconheça que ainda não se chegou a esse ponto. Mas o apoio total à Ucrânia será a "principal prioridade" da OSCE este ano, insistiu Valtonen.
A 01 de agosto de 1975, em Helsínquia, 35 países assinaram a "Ata Final" da Conferência sobre Segurança e Cooperação na Europa, que, após o fim da Guerra Fria, se tornou a OSCE.
O pacto histórico, celebrado em plena Guerra Fria entre o Leste e o Ocidente, continha a vontade de cooperar em vários domínios entre os blocos beligerantes de então.
No total, participaram 35 países, incluindo os Estados Unidos, o Canadá, a então União Soviética e a maioria dos países europeus.
Para assinalar o 50.º aniversário da assinatura da "Ata Final", a Presidência finlandesa da OSCE organizará um grande evento em Helsínquia, a 31 de julho e 01 de agosto.
"É nosso dever coletivo assegurar que a OSCE sobreviva não só no ano do seu 50.º aniversário, mas também para além dele", afirmou Valtonen.
A este respeito, anunciou a criação de um fundo de contribuição adicional para assegurar o orçamento da OSCE e de pequenos grupos de trabalho que desenvolverão propostas de reforma da organização até ao final do ano.
"Os 'Princípios de Helsínquia' recordam-nos o que podemos alcançar através da cooperação e da confiança e o que está em jogo se não os respeitarmos. Agora, mais do que nunca, estes princípios precisam dos seus defensores", concluiu.
Em fevereiro de 2022, a Rússia invadiu a Ucrânia, um país parceiro da OSCE, que conta com 57 Estados membros da América do Norte, Europa e Ásia Central.
Desde então, a organização, que visa promover o Estado de direito, eleições livres, liberdade de imprensa e direitos humanos, tem sido bloqueada por uma falta de consenso básico sobre o seu funcionamento.