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Colhemos o que semeamos

Um dos grandes erros trágicos do destino foi o aumento constante do número de camas…

Maior parte dos problemas que encontro no destino Madeira são auto infligidos… temos excesso de procura, porque temos uma política de preços errada, temos os mercados errados, porque temos uma política de transportes errada, e temos problemas de sustentabilidade (a todos os níveis…) porque temos o governo errado – mas a verdade é que fomos nós, madeirenses, que escolhemos este governo, e os anteriores… e não foi por falta de avisos a alertas.

Temos de deixar de contemplações. Na medida em que a Madeira não pode ser um destino de massas, os preços vão ter de aumentar de forma a cortar a procura, e a necessidade de continuar a construir. Um dos grandes erros, trágicos, do destino foi o aumento constante do número de camas… porque quanto mais pessoas houver maior será a pressão sobre a Região, e sobre os seus habitantes. Neste momento interessa fomentar os números para manter satisfeito o lobbie do cimento – mas isso vai acabar…

A opção pelas low cost, ao invés das companhias e bandeira, foi outro tiro no pé. Porque os clientes que umas e outras atraem são diferentes, da mesma forma que é diferente o poder de compra de uns e de outros. A insistência nos navios de cruzeiros é outro tiro no pé, pela sobrecarga óbvia que cada um destes monstros causa na cidade e na comunidade que nela habita. E esta sobrecarga é tanto mais obvia quanto maior for o navio… e mais low cost for o operador…

Finalmente, os madeirenses parecem satisfeitos com o governo que têm… investigações de corrupção que não têm consequências em actos eleitorais? Um governo no poder há quase cinquenta anos que não tem desgaste? Das duas uma, ou é do malho, ou do malhadeiro… porque os governos PSD nunca me pareceram particularmente dotados, a minha conclusão é que nós, madeirenses, gostamos de ser governados por aqueles que manifestamente se dedicam à corrupção e ao compadrio.

E se por um lado essa constatação só me pode entristecer, por outro leva-me a concluir da inevitabilidade de um futuro sombrio. Espero que aguente mais uns anos, mas a ruptura do modelo é, a prazo, uma inevitabilidade…