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Pedro Calado: um preso por corrupção

Não deixa de ter a sua ironia observar Cunha e Silva e Jaime Filipe Ramos praticamente sozinhos a tentar manter o seu partido à tona

Pedro Calado ostenta a vergonhosa distinção de ter sido o primeiro Presidente da Câmara do Funchal preso na história da autarquia, indiciado por crimes de corrupção no exercício das suas funções tanto no Governo Regional como no Município. Escuso-me a detalhar todos os presumíveis crimes cometidos, bem como os casos e detalhes envolvidos, amplamente noticiados, e que foram todos sem exceção denunciados em devido tempo pelo PS Madeira, tanto na Assembleia Legislativa Regional como na Assembleia Municipal do Funchal. Obrigado pelo seu advogado a renunciar ao cargo, de modo a tentar evitar medidas de coação mais gravosas, encheu todos aqueles que representava de vergonha alheia. Uma humilhação para a cidade e para a região. Creio que a fase de negação de muitos dos seus antigos apoiantes estará prestes a terminar.

Miguel Albuquerque presta-se a um pior ato, neste momento arguido em dois processos de corrupção, e que porventura só não teve ainda o mesmo destino de Pedro Calado por gozar do estatuto de imunidade providenciado pelo cargo de Presidente do Governo Regional. Nas suas primeiras declarações públicas após as buscas judiciais, na Quinta Vigia e na sua residência pessoal, ostensivamente omitiu que já tinha sido constituído arguido e afirmando que pediria o levantamento da sua imunidade para prestar todos os esclarecimentos à justiça. Passadas 3 semanas, tal não aconteceu. Nem a coragem teve de se demitir por sua iniciativa, só quando foi empurrado pelos partidos a quem deu a mão na coligação que sustenta o atual governo, agora em gestão. Acaba como um mentiroso sem dignidade.

Não deixa de ter a sua ironia observar Cunha e Silva e Jaime Filipe Ramos praticamente sozinhos a tentar manter o seu partido à tona, eles que foram dois dos grandes responsáveis pelo estado a que chegámos em tempos políticos diferentes. Procuram agora convencer a sociedade que não faz sentido irmos a eleições depois do terramoto político vivido, que devastou toda a credibilidade e legitimidade do partido ainda no poder.

Não tenho dúvidas que haverá eleições antecipadas, com a convicção que só não foram anunciadas por esse poder ainda não estar constitucionalmente ao dispor do Sr. Presidente da República que aguardará por dia 24 de março.

Eleições é o mais legítimo e justo instrumento ao dispor da Democracia. O regime democrático legitima-se em eleições, com o povo a bem decidir o que considera melhor para o seu futuro. Quem tem medo de eleições tem medo do veredicto dos cidadãos. Só os que estão agarrados ao poder, com uma teia de interesses e favorecimentos que têm de proteger, é que podem ter medo de eleições. Claro que temos também as pitorescas afirmações da deputada do PAN. Só alguém com uma consciência crítica muito limitada poderia afirmar, sem se rir, que haver eleições seria perigoso. Uma maioria parlamentar que perdeu toda a confiança dos madeirenses. O estado de negação ali também passará.

O PS Madeira não tem medo de eleições, não foge de eleições, mas principalmente não foge das suas responsabilidades. Estamos perante a iminente mudança política na Madeira. A única forma de acabar com o regime de conluio, este pacto corruptivo que contaminou a res publica na Região Autónoma da Madeira, é com alternância democrática.

Não haja medo nem vergonha de dar a voz aos madeirenses e porto-santenses.