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As crises são sinais de mudança

É de avaliar a perda de competitividade do Club Sport Marítimo no futebol profissional, principalmente nos cinco anos transatos.

Isto significa uma incapacidade de conquistar quarenta pontos, cenário ilustrativo de épocas sobressaltadas, irregulares, uma incorporação na segunda metade da tabela classificativa e cada vez mais distantes da Europa. Neste período, o melhor lugar alcançado foi um 10º lugar em 2021/2022 e 39 pontos conquistados em 2018/2019 e 2019/2020. Como se não bastasse, o pior cenário, uma descida de divisão, um 16º lugar com escassos 26 pontos. No que toca aos jogos em casa, no campeonato, regista cerca de 33% de vitórias, 26% de empates e 41% de derrotas, ou seja, o “fator casa” tem impactado pouco na performance da equipa. Os números são sinónimo de desequilíbrio e retrocesso, em comparação com as décadas de 2000 e 2010.

No que respeita às propostas de investimento, salientar que a venda da maioria do capital da SAD é compactuar com um provável desenvolvimento, bem como uma possível fatalidade. Considero que o clube não deve ser controlado por investidores estrangeiros, ainda para mais em situações de desespero. De momento, é exequível ter modelos de negócio sustentáveis e com expetativas de retorno de investimento, através da competência na gestão e com modestas injeções de capital.

Relativamente aos órgãos sociais, têm sido alvo de fortes críticas e postos à prova repetidamente. Uma vez eleitos, defendo o princípio da sua continuidade até ao final do mandato, de forma a terem oportunidade de reverter o rumo da equipa sénior masculina. É, contudo, de realçar os aspetos positivos, tais como os escalões de formação de futebol, sub-15, sub-17 e sub-19 a competir nas provas nacionais, o projeto do Marítimo Madeira Andebol SAD, os associados participarem ativamente e manifestarem a sua opinião sobre o quotidiano do clube, entre outras particularidades.

No que toca ao treino desportivo, nos últimos anos, externamente visualiza-se uma desacreditação na sua prática, sem colocar em causa o profissionalismo de alguém. Contudo, no desporto de alto rendimento, independentemente da modalidade, o treino é associado ao desenvolvimento dos atletas, através da aquisição de capacidades e competências, de forma a estarem aptos para a competição.

A média de ocupação do “Caldeirão”, na última época para o campeonato, foi de 80,54%, além de prestigiar o clube, expressa o forte sentimento maritimista. Houve uma dissociação entre a melhor média de ocupação das últimas décadas com a despromoção à segunda liga. É notório que vários fatores não têm sido agregados para um desempenho funcional do clube, por exemplo, uma definição pragmática de objetivos, critérios e um planeamento de época sistematizado, sem nunca duvidar das distintas etapas do mesmo.

Por fim, saliento que os sócios, os órgãos sociais, os funcionários e os investidores têm de conhecer e acreditar na estrutura, gestão e história do Club Sport Marítimo, todavia, com suporte num passado com história. É angustiante assistir à deterioração do presente e à incerteza do futuro. O presente exige uma estrutura organizacional com alta operacionalidade, com colaboradores capazes de apresentarem bons resultados e um modelo de gestão ainda mais eficiente.