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Venezuelanos realizaram 389 protestos em um mês para reivindicar vários direitos

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Foto Lusa

Os venezuelanos realizaram 389 protestos durante o mês de agosto de 2023, uma média de 13 por dia, de acordo com dados divulgados pelo Observatório Venezuelano de Conflitos Sociais (OVCS).

Os dados fazem parte do relatório "Conflituosidade Social na Venezuela em agosto de 2023", divulgado sexta-feira em Caracas e dão conta que os protestos caíram 43% em comparação com os 667 registados durante igual mês de 2022.

"Registaram-se 277 protestos para reivindicar Direitos Económicos, Sociais, Culturais e Ambientais (...), representando 72% do total", precisa o relatório.

De acordo com o OVCS, "mais uma vez, os trabalhadores lideraram ações de cidadania exigindo salários dignos, respeito pela liberdade de associação e a liberdade plena para seis sindicalistas e líderes sociais condenados a 16 anos de prisão por participarem em manifestações pacíficas, contra as instruções do Gabinete Nacional de Orçamento (Onapre), exigindo melhorias nas condições do setor público".

Por outro lado, foram documentados 112 protestos relacionados com Direitos Civis e Políticos (28% do número total), com destaque para "a exigência de condições justas e transparentes nas próximas eleições e garantias de participação de todos os atores sociais".

Em termos geográficos o maior número de protestos se registou no estado de Anzoátegui (nordeste, 55), seguindo-se Bolívar (sudeste, 43), Portuguesa (oeste, 28), Sucre (norte, 28), Táchira (oeste, 24) e no Distrito Capital (22).

De acordo com o OVCS, além dos protestos de trabalhadores com reivindicações laborais, que representaram 40% do total, os venezuelanos manifestaram-se para exigir justiça, habitação condigna, acesso a água potável e geração estável de energia.

Outros protestos serviram para reclamar a canalização de esgotos, a reestruturação e manutenção das estradas e a recolha de resíduos sólidos.

Reformados, pensionistas e idosos fizeram greves de fome e dias de jejum para denunciar atrasos no pagamento das suas prestações sociais, enquanto os professores e pessoal administrativo das escolas exigiram um salário justo, o pagamento completo do subsídio de férias e educação de qualidade.

Por outro lado, pais e representantes de escolas privadas protestaram contra o aumento das propinas escolares.

Os produtores e agricultores condenaram o contrabando de vegetais desde a Colômbia e reclamaram que membros das forças de segurança lhes impõem taxas ilegais quando transportam e distribuem os alimentos que cultivam.

Jovens universitários e membros de vários partidos políticos protestaram para exigir a ativação de lugares de recenseamento eleitorais e garantias de condições justas e transparentes nas próximas eleições.

"Simpatizantes do Governo de [o Presidente] Nicolás Maduro realizaram mobilizações exigindo a liberdade de Alex Saab e contra as sanções internacionais", explicou o documento.

O empresário colombiano foi detido em 2020 numa escala em Cabo Verde e extraditado para os EUA, um ano mais tarde, por acusações de branqueamento de capitais que foram posteriormente retiradas.

Saab, que tinha sido enviado pela Venezuela em missões oficiais ao Irão para garantir entregas humanitárias a Caracas, continua detido.

De acordo com o relatório da OVCS, "em dez estados realizaram-se 17 protestos pela falta de gasolina", e "foram documentados três protestos reprimidos em três estados".

Os habitantes de quatro estados protestaram em oito ocasiões contra os abusos de poder de membros das forças de segurança.

A maioria dos protestos (239) decorreram através de concentrações, enquanto 65 envolveu o bloqueio de ruas ou avenidas e 39 inclui a realização de marchas.