Vitória agridoce

Miguel Albuquerque foi claro como a água, em entrevista à Renascença: “Se não ganhar as eleições, demito-me. A clareza é essencial para as pessoas perceberem. Não vou fazer entendimentos, portanto, ou votam nesta maioria e querem que se prossiga o caminho que temos seguido ou não votam nesta maioria. Se não votarem nesta maioria, vou-me embora… Se não ganhar as eleições não tenho condições para continuar à frente do partido, como é óbvio. A política tem que ser assumida com sentido de risco. Esta coisa de andar a jogar para ficar tudo na mesma, não dá comigo.”

O resultado das eleições regionais trocou-lhe as voltas. Deu-lhe a vitória, mas não a maioria absoluta e Miguel Albuquerque que só governa com maioria absoluta não se demitiu, não cumprindo com a promessa feita e reiterada inúmeras vezes de se demitir caso não conseguisse reconquistar a maioria absoluta, que o PSD perdeu em 2019.

A coligação ‘Somos Madeira’ ficou a um deputado da maioria absoluta e Miguel Albuquerque na corda bamba. Albuquerque que nas vésperas das eleições apregoou aos quatro ventos que não iria “fazer entendimentos” pois “esses governos de coligação não funcionam - onde tudo tem que ser negociado, onde tudo tem que ser cedido ponto a ponto, decisão a decisão só serve para entreter, para empatar” virou o bico ao prego e terá de chegar a entendimentos e apresentar solução para governar em maioria absoluta. Haverá maior derrota que esta?

Lição a reter: o partido que se colocar em posição de marionete para salvar Albuquerque do pedido de demissão não é digno da confiança depositada pelos seus eleitores pois a única coligação existente no boletim de voto foi a coligação ‘Somos Madeira’, uma aliança entre o PSD e o CDS que resultou num “casamento” falhado.

Cíntia Fernandes