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Ensaio sobre a Lucidez

Volvidos 47 anos, o que é que temos e queremos na Madeira?

O partido que ainda governa a região conseguiu ao longo de cinco décadas infraestruturar o território, em particular com as vias rodoviárias, mas também com equipamentos como saneamento básico, novas escolas, centros de saúde, e demais serviços públicos. Foi efetivamente uma estratégia em que o desenvolvimento foi centrado na administração pública, usando as transferências do Orçamento de Estado e os fundos europeus.

Ao mesmo tempo, o Turismo teve sempre um crescimento assinalável em particular desde a construção do novo aeroporto, e as empresas de construção civil providenciavam ao regime os meios necessários para avançar com as obras públicas que idealizava, garantindo milhares de empregos a uma maioria de força de trabalho muito pouco qualificada.

A Madeira progrediu, mas terá sido diferente nas outras regiões do país? Não foi.

Em todas as regiões foram injetados milhões de fundos europeus para realizar o mesmo tipo de obras públicas, e a grande verdade é que chegamos a este ponto no tempo e os factos cruéis revelam-nos que a Madeira está na cauda do pelotão, está atrás nos principais indicadores sociais e de desenvolvimento.

O custo de vida na região é semelhante ao de Lisboa, a começar pela habitação, mas temos dos rendimentos e poder de compra mais baixos, e onde a desigualdade salarial é gritante. Temos poucas pessoas a ganhar muito, e uma enorme maioria a ganhar muito pouco. A taxa de risco de pobreza é a maior do País. Criou-se um regime de dependências, seja através da administração pública regional, seja por empresas ligadas ao regime, e ata-se as pessoas e famílias a um controlo férreo onde não há espaço para a crítica ou para o debate democrático.

Permitam-me repetir algo que já escrevi: o dinheiro manda na ilha. Os concursos públicos são viciados, reina a pequena e grande corrupção aparentemente sem consequências. Para quem não está aliado ao regime, há despedimentos, não há progressão nas carreiras e as empresas familiares são prejudicadas nos seus negócios.

O futuro não pode continuar a ser isto.

Que Madeira deseja para os seus filhos? Onde quer que estejam quando acabarem os seus estudos? Que oportunidades deseja que tenham no mercado do trabalho? Que qualidade de vida deseja para si e quando envelhecer?

Certamente não quer que o futuro do seu filho esteja dependente da boa vontade de um qualquer cacique partidário, que o obrigue a andar de bandeira na mão. Certamente não quer continuar todos os dias a olhar para um vizinho ou amigo com a mão estendida, continuando com um historial de pobreza que não rompe para quem tem menos recursos. Continuamos a trabalhar numa terra onde apenas o turista rico aproveita o que de melhor temos. Certamente que quer melhor saúde e habitação a custos suportáveis.

Não pode continuar tudo à base da cunha e do favor.

Na última década 17 mil pessoas saíram da Madeira em busca de uma vida melhor. Temos cada vez menos jovens, menos famílias, menos crianças a nascer na Madeira e no Porto Santo. É o corolário das políticas deste regime.

Sei o que desejo para a Madeira. Um futuro muito melhor, com melhores salários, menos desigualdades, menos pobreza.

No próximo domingo vá votar, nada é mais importante, cada voto conta.

Eu vou votar PS. É o voto que muda a Madeira.