Disparidade entre trabalho e capital

É voz corrente da governança, tendo sido reiterada no debate do Estado da Nação, uma narrativa idílica do quotidiano da maioria dos trabalhadores.

Estes não conseguem fazer face às despesas, sobrando-lhes mês. A ideia de fazer crer, que estamos no bom caminho é uma intrujice: «Portugal está melhor porque os portugueses estão melhor»(!), disse, o primeiro-ministro, sem se rir, pela mentira desbragada! Baixos salários; precariedade em crescendo; elevador social parado; horários desregulados; trabalho pago à peça; contratos a recibo verde, ao dia e até, à hora(!) - mesmo sendo trabalho efectivo e permanente. Comparemos com os privilégios e mordomias dos detentores dos meios de produção: 42% de toda a riqueza está na posse de 5% dos mais ricos.

Lucros astronómicos: da banca com 11 milhões de euros/dia; das energéticas; da distribuição alimentar, sem que haja equidade redistributiva.

Acresce 1000 milhões de euros, num regime fiscal privilegiado aos não residentes, sem cobrança de impostos anualmente! As disparidades entre o trabalho e o capital, agravam-se. Tudo isto, sob a vigência dum executivo autoproclamado de socialista, é duma indignidade - desconcertante que até nos amolga!

Vítor Colaço Santos