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MP da Venezuela acusa opositor António Ledezma de conspiração e traição à pátria

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O Ministério Público da Venezuela (MPV) solicitou hoje a detenção do ex-presidente da Câmara Metropolitana de Caracas, António Ledezma, a quem acusa de conspiração, traição à pátria, instigação para cometer delito e associação criminosa.

As acusações surgem depois de o político opositor afirmar à imprensa estrangeira que na Venezuela está em curso uma "rebelião civil", com apoio militar.

O anúncio foi feito pelo Procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, numa conferência de imprensa em Caracas, durante a qual informou ter feito um pedido de extradição de António Ledezma à Espanha, onde o político opositor se encontra asilado desde há vários anos.

 "Dirigimo-nos ao país para denunciar as graves declarações feitas por António Ledezma a meios de comunicação estrangeiros, nas quais afirma que está a ser preparada uma rebelião civil na Venezuela com o apoio de alegadas facões militares. Por conseguinte, abrimos uma investigação contra este fugitivo da justiça, que confirmou a sua participação em ações desestabilizadoras como 'La Salida'", disse Tarek William Saab.

O procurador sublinhou que a Venezuela espera "que as autoridades de Espanha se pronunciem e respeitem as leis internacionais" e que o MP vai continuar a atuar para prevenir qualquer ato violento no país.

Num vídeo da entrevista a "Fatores de Poder", António Ledezma, afirma estar em conversações com militares venezuelanos, para o caso de não ser aceite a candidatura de Maria Corina Machado, do partido Vente Venezuela, que é tida como favorita para as primárias da oposição de outubro, mas que as autoridades venezuelanas dizem estar legalmente desqualificada.

Durante a entrevista, o político diz que "a única maneira de poder avançar com a inscrição de uma mulher que está sendo vetada pelo regime, é pondo em marcha a desobediência civil", sublinhando que "se está a falar com militares que pedem para não revelar os seus nomes".

Entretanto o opositor já reagiu às acusações que atribui "a mais um guião da política de acosso continuado do regime".

António Ledezma, de 68 anos, foi detido em 19 de fevereiro de 2015, tendo sido submetido ao regime de prisão domiciliária, sob a acusação de ter participado em "projetos conspirativos" contra o regime e a vida do Presidente, Nicolás Maduro.

Em 2017, António Ledezma fugiu para a vizinha Colômbia, onde foi detido, e depois autorizado a viajar para Espanha, onde permanece em asilo.