Madeira

“Ousar sonhar o progresso” é o desígnio da actual governação da Câmara Municipal do Funchal

Pedro Calado na intervenção do Dia da Cidade

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Foto Helder Santos/ ASPRESS

O discurso do presidente da Câmara Municipal do Funchal neste Dia da Cidade começou por dar nota que “numa especial conjuntura marcada por algum negativismo que quase diariamente nos assalta, em que por vezes parece existir uma tendência grupal para nos enredar nos versos de um triste fado, com constantes exultações da desgraça e com vaticínios de novas tormentas”, Pedro Calado rompeu com esse fatalismo para enaltecer “a cidade que desde há dois anos estamos a construir” para concluir que “da página que virámos, da letargia do passado com que quebrámos e que hoje nos permite sentir o dinamismo próprio de uma metrópole em visível crescimento. O pulsar de uma nova realidade urbana recheada de vitalidade, rejuvenescida em novos investimentos, palco de inovadores eventos, que está a modernizar-se e que, simultaneamente, procura estimular o seu tecido empresarial, gerar novos empregos, dar oportunidades a quem as quer aqui encontrar, acolher quem a quer habitar e receber todos quantos a querem visitar”, reforçou.

Na opinião do autarca que lidera a Coligação Funchal Sempre à Frente (PSD/CDS “foram quase dois anos a cultivar proximidade com os nossos munícipes, com as portas sempre abertas para recebê-los nesta casa ou ir ao seu encontro nas diversas freguesias, permanentemente disponíveis para ouvir os seus anseios, prontos a trabalhar para satisfazer as suas necessidades”.

Sustenta que “tem sido tão reconfortante perceber tudo quanto, em tão pouco tempo, já implementámos, e a diferença que conseguimos marcar na vida da cidade, no dia a dia das nossas gentes”.

Considera por isso “natural que este crescimento” nos traga por vezes, como contraponto, “a dor normal de tudo quanto se redimensiona, com os problemas consequentes a tudo quanto cresce. Mas essas dores não nos quebram, nem as procuramos anestesiar. Esses problemas encaramo-los de frente, enfrentamo-los com soluções, indo para o terreno com as nossas equipas, actuando em diversos sectores, da mobilidade ao trânsito, da limpeza urbana à remodelação da rede de água, do ordenamento urbano à fiscalização, da protecção civil à segurança urbana”, apontou.

Pedro Calado sublinha que “ousar sonhar o progresso, acarreta uma estreita correlação com operar e concretizar uma mudança positiva na vida dos nossos cidadãos” para concluir que “é este é o desígnio que nos move todos os dias. É a materialização desse objectivo que nos realiza e nos faz sentir verdadeiramente recompensados por estarmos investidos nestas funções”, afirmou.

A intervenção do Presidente da Câmara neste Dia da Cidade do Funchal foi também de balanço ao quase meio mandato que dentro de dois meses completa dois anos – metade do mandato - no “aliciante desafio” que é a Presidência da Câmara Municipal do Funchal.

“Já muito foi feito de novo, mas muito mais há ainda para fazer” declarou, prometendo continuar a “avançar, sem recuos, sem fugir aos problemas, ouvindo a população, dialogando, procurando as melhores soluções para todas as questões diárias da governação”, mas “principalmente, sem nunca esconder a realidade, sem a deturpar, sem ter medo de enfrentar os desafios, transformando-os em oportunidades, como sempre prometemos que o faríamos”, disse.

Lembra que “foi para governar mais e melhor” que os Funchalenses elegeram a Coligação. “Foi também por acreditarem na nossa capacidade de trabalho, na nossa vontade de agir e competência para concretizar o programa a que nos propusemos, sem procurar iludir ou pintar a realidade com ficções, sem alimentar servilismos, mas, ao invés, desafiando o arrojo de quem quer ter iniciativa e afirmar os seus méritos”, referiu, também em jeito de critica ao anterior executivo.

Depois enumerou um rol do que tem vindo a ser realizado desde que assumiu a presidência da Autarquia, a começar pela “estratégia fiscal” para atrair os mais jovens para a cidade, entre muitas outras medidas, passando pela devolução progressiva do IRS, até a eliminação da Derrama.

Aproveitou para confirmar que no próximo trimestre será inaugurado o Centro de Cultural e de Investigação do Funchal.

Destacou os 2% do Orçamento Municipal para a cultura e eventos que faz com que o Funchal seja hoje “uma cidade culturalmente viva”.

Nos recursos humanos lembrou que “estão ainda a decorrer os concursos para 26 novas vagas nas categorias de fiscais, jardineiros, asfaltadores, canalizadores, pedreiros, pintores e serralheiros, funções vitais para a imagem e ordenamento da nossa cidade”, justificou.

Obras públicas, protecção civil e mobilidade foram outras áreas em destaque, para concluir que “a nossa noção de municipalismo e concepção dos órgãos de poder local é a antítese do centralismo, como bem se tem visto”, denunciou.

Feito o reparo, Pedro Caldo concretizou: “Fomos nós que mudámos de paradigma no relacionamento com as nossas Juntas de Freguesia e apostámos num reforço substancial do apoio financeiro a estas entidades, independentemente de quem as governa”.

Depois novo balanço aos investimento feitos no parque habitacional municipal e a outros investimentos na gestão e modernização da cidade, assim como, na saúde, educação e social “pilares essenciais da nossa sociedade” onde salientou “o reforço em 47% nos apoios concedidos”. Neste particular esmiuçou os apoios sociais atribuídos, “para que não restem quaisquer dúvidas”, justificou.

Não esqueceu as obras em curso, como a construção da nova ETAR e a Estação Elevatória de Águas Residuais dos Socorridos, assim como a continuidade com o investimento no Programa para o Controlo de Fugas nas Redes de Água Associado ao Sistema de Telegestão, entre outras.

“Prometemos e estamos a cumprir. Não nos limitámos apenas a apregoar ao vento, como aqueles que agora, ao fim de apenas 2 anos de mandato, nos exigem tudo aquilo que não foram capazes de concretizar em 8 anos em que lideraram esta autarquia. Não recorreremos a engenharias financeiras e contabilidades ardilosas, ficcionando habilidades de gestão que não existem ou recebendo serviços e bens de consumo, sem os pagar”.

Admitiu também dificuldades.

“Não contem connosco para deturpações, seguindo, porventura, um caminho mais fácil. Não foi para isso que os Funchalenses nos confiaram o seu voto. Foi antes para enfrentar os problemas e resolvê-los, se necessário for atravessando o Atlântico e batendo à porta de quem tem responsabilidades a assumir para com todos os portugueses”.

Reconheceu que “um dos grandes problemas que o Funchal enfrenta é a mobilidade” para almejar o reforço dos transportes públicos e a melhoria de algumas áreas críticas na rede viária.

Outro grande desafio que o Funchal enfrenta é a construção de habitação, social e a custos controlados. Promete com a Revisão do PDM, que “a construção de habitação, através das cooperativas, terá uma majoração até 30%”.

A transformação urbanística a nascer na Praia Formosa também foi focada, prometendo a requalificação do espaço até 2025, e reafirmando “que o acesso à Praia Formosa continuará a ser livre e gratuito para todos”.

Na longa intervenção, Pedro Calado deixou também críticas à governação nacional ao concluir que “Portugal parece ter entrado num ‘burnout’ governativo”.

“A degradação e descredibilização a que penosamente vimos assistindo desde há largos meses a esta parte no seio do governo português não tem paralelo na nossa cultura democrática, com o avolumar de situações que há muito extravasaram os limites da decência e que implicariam, da parte de quem é investido em tão nobres funções, outra cultura de responsabilidade, de sentido de Estado e de compromisso público com o Povo”.

Depois de apontar várias críticas a Lisboa, concluiu que “tudo isto acontece num país que perante uma oportunidade de ouro, um momento único, para proceder a reformas estruturais, para se modernizar, para se refundar, que lhe foi concedido pela UE através do PRR, não tem coragem, competência, eficácia e ousadia que é exigida a quem governa nestes momentos cruciais”.

E tudo porque “há anos que parecemos padecer num ‘síndrome de esquerda’, aquela que nunca teve a coragem de efectuar as reformas estruturais que o país precisa, nem nunca realmente se preocupou com um projecto para as pessoas, mas apenas com o perpetuar do poder para os próprios, custe o que custar, enfraquecendo, estrangulando, amedrontando aqueles a quem devia servir”, atirou.