Análise

Conspiração em larga escala

O tempo dirá a que preço foram pagas As intrigas que podem não passar de encenações

A conspiração está na ordem do dia. Soube-se por exemplo que o ‘Mondego’ podia “explodir ou afundar” se libertasse amarras e fosse em busca dos russos intrusos. Os argumentos foram apresentados pela defesa dos marinheiros que desobedeceram a uma ordem superior e não embarcaram no navio da Marinha Portuguesa a quem tinha sido atribuída a missão de controlar um meio naval da Rússia que passou perto do Porto Santo. Alguns poderão ter ficado incrédulos com as justificações dadas, porventura com base técnica e científica, mas o que é certo é que a desculpa fácil transporta muito boa gente para outras realidades semelhantes, muitas das quais com expressão na política regional.

Soube-se que o JPP, dividido como nunca, julgava que iria manter eternamente entre quatro paredes uma “traição” de teor parlamentar que levou o líder do partido a prescindir do cargo, preferindo a militância de base do que um humilhante quinto lugar numa lista encabeçada pelo irmão. Filipe Sousa ‘explodiu’ para que ficasse evidente que nem tudo o que parece é, mas também a fragilidade de projectos em que o poder, por mais pequeno que possa ser, gera dependências, vícios e amnésia. Quando um presidente admite que se sente a mais num partido que ajudou a fundar tem de facto de ser consequente, por muito elevados que sejam os incómodos e os custos de uma decisão que alguns classificaram de encenação com intuitos mediáticos.

Soube-se que não havendo melhor ataque, diversos partidos na Região optaram por recorrer às queixas na CNE, alegando indícios de violação dos deveres de neutralidade e imparcialidade por parte de entidades públicas. A menos que tentem ser notícia também por essa via, sabem os queixosos que o expediente não gera emendas, não influencia indecisos e não altera resultados. Já é tempo de legisladores e políticos tratarem os eleitores com o devido respeito.

Soube-se que vários social-democratas ficaram na lua, envaidecidos com a multidão que participou na catarse do PSD-M. Importa lembrar que as festas partidárias são como as sondagens, “valem o que valem”. Uma máxima política aplicável tanto à herdade, como à promenade.

Soube-se no ‘Fórum Madeira Global’ haver um compromisso do actual executivo por políticas que favoreçam a participação social e cívica dos madeirenses espalhados pelo mundo. Para que a preponderância do activo estratégico não seja utopia, tal desejo deve ter efeitos imediatos no congresso da diáspora. Convém deixar falar mais os emigrantes, dos bem sucedidos aos azarados, sejam investidores ou remediados, notáveis ou anónimos, experientes ou caloiros, tal como os sábios conselheiros e os humildes conterrâneos que nos enchem de orgulho. Sem medos.

Soube-se que Paulo Cafôfo continua empenhado em dar murros na mesa. O secretário de Estado das Comunidades veio à Madeira garantir que iria “exigir” – leu bem! - à TAP que esteja efectivamente ligada às comunidades espalhadas pelo mundo, não como favor, mas como oportunidade comercial. Os últimos governantes que tentaram interferir na gestão da companhia aérea não se deram nada bem. Mas descanse o governante que não há conluio em marcha, dividido entre demissão ou participação forçada numa qualquer comissão de inquérito. Pelo menos que se saiba.