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Relâmpagos

Antemanhã e o seu metafórico desnudar-se. Dou uma gargalhada, das que me irrompem ao ouvir as barracas dos nossos parlamentares, ao reler as postagens no meu caderno de palavras escabrosas & de alarvidades políticas, agora que um amigo confessa, preto no branco, ter sido vítima de homicídio em forma tentada por Deleuze & Guattari e que, só nos finalmente, foi resgatado por Foucault.

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Antemanhã e a sua singular essência, em nu explícito. A revolução permanente do riso contra o esquecimento e a lavagem comovedora das nossas realidades - a fome escondida, a pobreza envergonhada e a satisfação disfarçada -, ficando o sanatório geral esta Morabeza, lavrada no Boletim Oficial. E os poetas...no metaforizado e hilariante fingimento descrito por Fernando Pessoa.

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Antemanhã e a sua sessão de ontem com a escritora e filósofa Djamila Ribeiro. Excelente momento, promovido pelo Jardim de Verão Gulbenkian, com curadoria da Lisboa Criola. Ocasião pródiga para acrescentar informação/conhecimento sobre os estudos feministas, as práticas do feminismo negro e as estratégias do ativismo político antirracista. Oportunidade afetiva para abraçar Tom Faria, Dino d’ Santiago, Mirna Queirós, Mamadou Ba e Pilar del Rio. Sair mais aprendido e sabido!

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Antemanhã e o 1º Salão do Livro: Guarda-Livros, na cidade da Guarda, iniciado hoje, tendo Cabo Verde como país convidado. O certame, de vários dias, assinala o Centenário de Nascimento do filósofo Eduardo Lourenço. Amanhã, à hora do lanche, estarei numa mesa de debate sobre a cultura contemporânea cabo-verdiana. Ocorrem-me, por imperiosos, estes versos de Octavio Paz:

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Ruídos confusos, claridade incerta.

Outro dia começa.

(...)

Assim, antes do começo. Antemanhã e o desnudar-se com urgência e premência, mas com gozo e riso. Com arte...engenho, caso queiram.

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Um riso, sem perfídia alguma, mas com relampejante gargalhada, para a terapia face ao processo histérico que nos horizontaliza...