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Fundação Luso-Americana quer mais pessoas a assumir ascendência portuguesa nos EUA

Foto DR/FLAD/Facebook
Foto DR/FLAD/Facebook

A presidente da Fundação Luso-Americana (FLAD), Rita Faden, disse hoje à Lusa que quer mais pessoas com ascendência portuguesa a assumir as suas raízes, para permitir um estudo mais amplo da comunidade nos Estados Unidos.

O mais recente estudo promovido pela FLAD, divulgado na semana passada, indica que são 1.272.040 os emigrantes portugueses e lusodescendentes nos EUA, representando 0,4% da população norte-americana.

Contudo, na apresentação do estudo em Nova Iorque, Rita Faden frisou a importância de mais pessoas manifestarem abertamente a sua herança lusitana.

"Nós queremos, com este estudo, que mais pessoas percebam a importância de assumirem a sua herança portuguesa, de darem a conhecer que também têm uma ascendência portuguesa. Isso também é importante, obviamente, porque queremos ver os números da comunidade crescer", disse, no Clube Harvard da cidade de Nova Iorque.

Uma das principais conclusões é que os emigrantes portugueses e lusodescendentes nos EUA têm um rendimento médio superior aos restantes residentes neste país.

A presidente da FLAD admitiu alguma surpresa com o facto de os lusodescendentes que falam português serem mais qualificados e receberem, em média, mais 22% do que os outros residentes nos Estados Unidos, facto que levará a Fundação a fazer novos estudos para perceber o motivo.

"Eu fiquei surpreendida, por um lado, com a confirmação de que o grupo que fala português tem maiores qualificações e melhores resultados. Obviamente que isso agora implica um maior estudo. É preciso um estudo adicional para perceber exatamente porquê", afirmou.

"Nós todos temos várias explicações plausíveis que podemos dar, mas é importante conhecer. Aliás, essa foi a razão que esteve na origem deste estudo: a vontade da FLAD de conhecer melhor - e dar a conhecer - a comunidade portuguesa nos Estados Unidos. Era essa a nossa intenção", acrescentou em relação ao levantamento do perfil demográfico e socioeconómico da comunidade luso-americana, referente ao período 2016-2020.

Rita Faden avalia que os dados recolhidos representam "boas notícias" para os luso-americanos, que, de uma forma geral, "são mais qualificados, têm melhores condições de vida e salários mais elevados".

"Tudo isso são boas notícias. É importante perceber que, de facto, não só aqui, como também em vários outros países, a comunidade portuguesa é uma comunidade de sucesso e que é bem integrada onde emigra e isso, obviamente, é uma grande mais-valia para os países que recebem os portugueses", advogou.

"Temos aqui várias questões muito interessantes, que merecem um maior estudo e, portanto, vamos trabalhar com os autores e eles vão apresentar-nos propostas para dar continuidade a este estudo e aprofundar alguns aspetos", concluiu.

Desenvolvido por um grupo de investigadores, com a coordenação de Alda Botelho de Azevedo, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, o estudo aponta que o número de lusodescendentes a falar português está a aumentar.

Da comunidade constituída por emigrantes e lusodescendentes, 22,49% fala português em casa, além do inglês.

Além disso, chama também a atenção o facto de a comunidade portuguesa ter vindo a estabelecer-se em estados norte-americanos menos tradicionais para a emigração portuguesa, como a Florida, Texas, Geórgia, Pensilvânia, Carolina do Sul e Carolina do Norte.

Contudo, apesar de estar presente em todos os estados norte-americanos, a comunidade portuguesa está mais concentrada na Califórnia, Massachusetts, Rhode Island, Florida, Nova Jérsia e Havai.

Por outro lado, os estados da Dakota do Sul e Dakota do Norte tinham o menor número de imigrantes e lusodescendentes na sua população nos anos referentes ao estudo.