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Finlândia a caminho de um governo de coligação entre direita e extrema-direita

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O vencedor das eleições legislativas na Finlândia e provável futuro primeiro-ministro, Petteri Orpo, anunciou hoje que pretende aliar-se com a formação de extrema-direita Partido dos Finlandeses, que ficou na segunda posição, para formar um novo Governo.

As negociações oficiais para a constituição do novo Executivo devem iniciar-se em 02 de maio e vão juntar a Coligação nacional (centro-direita), que lidera, o Partido dos Finlandeses, a formação nacionalista e anti-imigração, e ainda dois outros pequenos partidos, anunciou Orpo no decurso de uma conferência de imprensa em Helsínquia. ´

Uma aliança com os antigos "verdadeiros Finlandeses", que atingiram um resultado histórico de 20,1% nas legislativas de 02 de abril, significará a subida ao poder na Europa de uma nova formação anti-imigração, num contexto de ascensão dos partidos populistas ou de extrema-direita em diversos países do continente.

Orpo, 53 anos, tinha duas opções para formar uma coligação. A primeira seria com o centro-esquerda através do Partido social-democrata (SDP) da primeira-ministra demissionária Sanna Marin, ou através do Partido dos Finlandeses, com quem o principal tema de discórdia se relaciona com a imigração.

"Existem decerto diferenças entre os partidos. E, decerto, como sabemos, existe questões onde existem visões distintas", disse nas declarações aos 'media'.

Na sequência de contactos preliminares, "considerámos em conjunto que estas questões podiam ser resolvidas. Não existem diferenças insuperáveis", afirmou Orpo.

A direita já governou com o Partido dos Finlandeses (Ex-Verdadeiros Finlandeses) entre 2015 e 2017, quando ocorreu uma cisão na formação eurocética que implicou a adoção de uma linha mais dura, designadamente na questão migratória.

Os politólogos colocam este partido, presente há mais de 20 anos na vida política finlandesa, entre a direita soberanista e a extrema-direita.

Militante a longo prazo por um "Fixit" -- a saída da Finlândia da União Europeia --, a formação evoluiu nos últimos anos de um discurso essencialmente eurocético para uma prioridade anti-imigração.

Esta questão constitui o ponto mais difícil para firmar uma nova aliança, e quando a direita conservadora da Orpo defende uma imigração de trabalho para contrariar o acelerado envelhecimento da população finlandesa.

"Será um assunto de negociação. É uma questão muito importante para nós, a imigração que ameaça a segurança e a economia", declarou na quinta-feira Riika Purra, a líder dos Partidos dos Finlandeses, apesar de admitir um acordo com Orpo "em matéria de imigração de trabalho".

A atitude face à União Europeia pode revelar-se a segunda divergência entre Orpo, cujo partido é abertamente pró-UE e Purra, indicam analistas citados pela agência noticiosa AFP.

As negociações finais para formar um governo prolongam-se habitualmente por um mês na Finlândia.

O segundo partido no poder assume geralmente diversos ministérios, incluindo as Finanças.

A Coligação Nacional venceu as legislativas ao obter 48 lugares, à frente do Partido dos Finlandeses (46) e dos sociais-democratas de Marin (43).